Siga aqui o nosso liveblog sobre a situação política
A candidatura do MPT às eleições antecipadas de 26 de maio na Madeira tem por objetivo eleger um deputado, disse o cabeça de lista e líder do partido na região, Valter Rodrigues, indicando estar disponível para acordos pós-eleitorais.
“Nós temos um programa [eleitoral]. Quem quiser formar Governo e quiser o nosso apoio, vai ler o nosso programa e terá de estar disponível para implementá-lo em quatro anos”, explicou, reforçando: “Caso seja um acordo destes, estamos abertos”.
Em entrevista à agência Lusa, Valter Freitas Rodrigues, 43 anos (nasceu em 30 de julho de 1981) e empresário no ramo da construção civil, defendeu que não deve haver “linhas vermelhas” em relação a possíveis entendimentos com outras forças partidárias, mas sublinhou que, considerando alguns aspetos do programa do Movimento Partido da Terra (MPT), “há um partido que, de certeza absoluta, não os vai querer para nada, que é o PSD”.
O candidato no MPT, partido que já teve um representante no parlamento regional entre 2011 e 2015, aponta a valorização das carreiras profissionais e dos salários, a habitação, a educação, a saúde e os transportes como aspetos fundamentais do programa eleitoral, que, no geral, apresenta propostas em 15 áreas setoriais.
“Sabemos que os ordenados mínimos têm subido, mas todo o resto [o salário médio] não sobe”, alertou, para logo reforçar que a inflação é “sempre galopante” e, por isso, é preciso um “bom ordenado para aguentar a pancada”, sobretudo no acesso à habitação.
Valter Rodrigues, que nasceu e reside no Funchal, considera que o preço das casas não vai baixar porque os materiais de construção estão cada vez mais caros, devido à instabilidade mundial, e crítica os outros partidos por não saberem explicar esta situação à população, optando por fazer promessas difíceis de cumprir.
“As rendas acessíveis que o Governo [Regional de coligação PSD/CDS-PP] quer criar só vão criar mais subsidiodependência”, disse, acrescentando que apenas a valorização dos salários poderá tornar as pessoas “autossustentáveis”.
“Sem essa parte, é quase impossível fazermos alguma coisa”, afirmou.
A candidatura do MPT defende, por outro lado, o reforço da cooperação entre o executivo regional e o Governo da República, vincando que o diálogo é fundamental em setores como a saúde e a mobilidade.
“Sabemos que custa dinheiro e nós sabemos que estão de costas voltadas [os dois governos]. Notamos uma separação enorme e isso não pode acontecer. Nós precisamos da República para nos garantir […], precisamos de nos reunir”, disse Valter Rodrigues.
O cabeça de lista do MPT, que atualmente é deputado da oposição na Assembleia Municipal do Funchal, eleito pela coligação Confiança (PS/BE/MPT/PAN/PDR), disse que o partido quer ser uma voz no parlamento na defesa dos direitos dos cidadãos e dos dinheiros públicos, vincando que o Governo Regional “está a tapar muita coisa”.
Por outro lado, criticou o presidente demissionário do executivo, Miguel Albuquerque, por não se ter afastado definitivamente do cargo ao ser constituído arguido no processo que investiga suspeitas de corrupção da Madeira e ter avançado novamente como cabeça de lista do PSD às eleições antecipadas.
“Os valores de um político notam-se por aí”, disse Valter Rodrigues, que aderiu ao MPT em 2019, tendo antes militado no Nós, Cidadãos!
Nas legislativas regionais de 24 de setembro de 2023, o MPT foi a segunda força com menos votos, logo a seguir ao ADN, num total de 13 candidaturas, obtendo 696 votos (0,53%) num universo de 135.446 votantes.