Morreu mais um denunciante dos problemas de segurança envolvendo a Boeing. É a segunda pessoa que morreu, desde o início do ano, depois de fazer denúncias sobre as deficiências de segurança no fabrico de aviões na empresa norte-americana.

Joshua Dean era um ex-auditor de qualidade da Spirit AeroSystems, uma empresa fornecedora da Boeing, e morreu com 45 anos, vítima de uma infeção respiratória. De acordo com o The Seattle Times, tinha alegado que a liderança da Spirit tinha ignorado deficiências que, depois, iriam afetar a segurança dos aviões 737 MAX (da Boeing).

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O auditor de qualidade tinha sido demitido da empresa em 2o23, o que considerou ser uma retaliação por ter levantado dúvidas sobre a segurança dos produtos feitos na empresa. Os primeiros problemas que detetou foram em outubro de 2022: os furos que os engenheiros da Spirit estavam a fazer na traseira dos aviões não estavam a ser feitos de forma correta – Joshua terá alertou os seus superiores mas nada terá sido feito.

Por estar focado neste problema, escapou ao auditor um outro problema na fuselagem dos aviões, o que levou a um atraso nas entregas e acabou com a demissão de Joshua Dean. Logo depois, Dean decidiu apresentar uma queixa à Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) alegando “má conduta grave por parte da gerência de qualidade da linha de produção do 737” na Spirit, avançou a ABC.

Dean tinha, segundo a imprensa, um estilo de vida ativo e estava de boa saúde, mas não resistiu a uma infeção respiratória que em poucas semanas levou à morte do homem de 45 anos. A Spirit, através de porta-voz, lamentou a morte, depois de esta ter sido confirmada pela família: “Os nossos pensamentos estão com a família de Josh Dean. Esta morte repentina é uma notícia impressionante para todos nós aqui, na Spirit, e para seus entes queridos.”

Dean tinha sido representado pelo mesma firma de advocacia que também trabalhou com o primeiro denunciante da Boeing, John Barnett, que morreu em março. O corpo de Barnett foi encontrado com um ferimento “autoinfligido por uma arma de fogo”, na Carolina do Sul.

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Barnett trabalhou durante trinta anos para a empresa aeronáutica até se aposentar por motivos de saúde. Este tinha denunciado problemas de segurança com o Boeing 787 Dreamliner, revelando que em alguns casos eram usadas “peças abaixo do padrão exigível” que eram “removidas das lixeiras e instaladas em aviões”, noticiou a BBC.

Sobre a falta de uma de cultura de segurança, um outro denunciante, Sam Salehpour, disse ao Congresso dos EUA que funcionários que deram alarme foram “ignorados, marginalizados, ameaçados e até pior”.