Mais de vinte estudantes estão, desde a manhã desta terça-feira, no interior da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa a exigir um cessar-fogo imediato e incondicional em Gaza e o fim ao fóssil até 2030. Os manifestantes montaram tendas e penduraram faixas no átrio da faculdade, tendo já um programa com várias atividades de protesto. Num comunicado a que o Observador teve acesso, a organização da Greve Climática Estudantil revela que os alunos estão preparados para ocupar durante vários dias o interior do edifício.

“O genocídio em curso na Palestina é a derradeira expressão do projeto colonial sionista, e a indústria fóssil está intimamente ligada aos regimes de dominação colonial. O controlo e a exploração de recursos fósseis são uma das principais causas de grande parte das guerras e genocídios, habitualmente criados ou alimentados pela própria indústria fóssil”, lê-se no manifesto.

Joana Fraga, estudante de medicina citada pela organização do protesto, garante que  os governos e as instituições “ignoram e exacerbam” crises como aquela que está a ser vivida no Médio Oriente. “Mandam-nos estudar para um futuro que não vamos ter, e enquanto vemos milhares de estudantes como nós a morrer. Não podemos compactuar com o genocídio nem com a condenação de milhões em nome do lucro”, acrescenta.

O estudantes reafirmam o “espírito dos levantamentos estudantis dos anos 60, pautados pela resistência a um sistema colonial que, tal como hoje, colocava o lucro acima da vida, e que levou a milhares de mortes” e apelam a que toda a sociedade se mobilize em solidariedade com a luta palestiniana.

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Protestos contra a guerra em Gaza em várias universidades dos EUA. Polícia desmantelou barricadas na UCLA e fez novas detenções

Nas últimas semanas sucedem-se os registos de protestos pró-Palestina e contra a guerra em Gaza em várias universidades norte-americanas, levando até Joe Biden a fazer o primeiro discurso à nação sobre o tema, sem nunca ter manifestado, no entanto, qualquer intenção dos EUA em alterar a posição sobre o conflito no Médio Oriente. Em França, a polícia expulsou ativistas mobilizados pela causa palestiniana que montaram tendas dentro de um recinto na Universidade Sorbonne.

Numa resposta enviada à Lusa esta terça-feira à noite, Luís Miguel Carvalho, diretor do Instituto de Educação, e Telmo Mourinho Baptista, diretor da Faculdade de Psicologia, referiram que as instituições foram surpreendidas pelo protesto estudantil, que ocupou edifício partilhado por ambas as escolas da Universidade de Lisboa.

“Não foi solicitada qualquer autorização para a realização do protesto”, frisaram, acrescentando que “até ao momento não foi posto em causa o normal funcionamento das atividades”.

“As direções falaram com os estudantes e clarificaram que, tal como comunicado hoje [terça-feira] às nossas comunidades académicas, privilegiam a coexistência da manifestação do protesto com o desenvolvimento das atividades académicas previstas”, sublinharam ainda.

Com esta ocupação, convocada por vários coletivos, os manifestantes juntam-se assim ao movimento estudantil internacional, iniciado em universidades norte-americanas e que se tem repercutido por todo o mundo, incluindo vários países europeus, na América Latina e na Austrália.