O Sindicato Nacional de Jornalistas da Irlanda do Norte (NUJ) acusou o serviço policial do país (PSNI) de ter um comportamento “chocante e desprezível” para com os jornalistas. Isto porque a polícia terá vigiado anonimamente jornalistas que estaria a realizar investigações indesejadas sobre a força policial.

O episódio de vigilância a jornalistas terá acontecido durante seis meses consecutivos e visaram os jornalistas de investigação da Irlanda do Norte Trevor Birney e Barry McCaffrey, que foram vigiados pela polícia do Reino Unido e serviços secretos que procuravam identificar as suas fontes, indica o The Guardian.

Ian McGuinness, coordenador do NUJ, que participou esta quarta-feira numa audiência no Tribunal de Investigação (IPT) em Londres, mostrou-se preocupado com as conclusões apresentadas pelo tribunal. “É o tipo de comportamento que esperaríamos num Estado autoritário e não numa democracia moderna”, defendeu McGuinness, citado pelo The Guardian.

“Os jornalistas existem para responsabilizar o poder e isso inclui escrever histórias sobre a PSNI das quais essa força pode não gostar. Escrever uma história sobre a PSNI e proteger as suas fontes confidenciais não é crime. O NUJ apela, mais uma vez, para que o PSNI confesse tudo”, acrescentou o coordenador.

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McGuinness pediu ainda ao PSNI que mostre “quando começou a espiar os dados telefónicos de vários jornalistas” e “quantas vezes cada jornalista foi espiado”, garantindo que a força policial “deve comprometer-se a desistir de voltar a fazer isso”.

Quem também se apresentou preocupada com estas recente revelações foi a Amnistia Internacional que, através de Patrick Corrigan, diretor do programa para a Irlanda do Norte, denunciou “operações de espionagem à escala regional” contra jornalistas. “As evidências de hoje são explosivas”, acrescentou.

“Esta é uma revelação assustadora que só surgiu através de longos processos judiciais. O facto de tais atos claramente ilegais parecerem ter sido um costume e uma prática na PSNI demonstraria um total desprezo pelo princípio da liberdade de imprensa. Agora deve haver total responsabilização”, pediu Corrigan.