O plano de promoção de saúde mental para os próximos Jogos Olímpicos está traçado e conta com uma linha de apoio aos atletas, registos grátis numa aplicação móvel e acesso a serviços de saúde mental pelo período de quatro anos a quem competir em Paris no próximo verão. O Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou ainda que vai ser utilizada Inteligência Artificial para eliminar os abusos dirigidos aos atletas nas redes sociais.

A oferta de 2.000 licenças da aplicação Calm — que funciona como guia para meditação e melhoria do sono — é uma das medidas a ser adotadas, segundo o The Guardian. Esta decisão tem como objetivo possibilitar aos atletas terem hábitos saudáveis à margem das competições que envolvem elevados níveis de stress e grande pressão psicológica. Os exemplos de atletas que assumem dificuldades neste âmbito são cada vez mais comuns.

Em 2021, a ginasta Simone Biles retirou-se da final da equipa feminina de ginástica nos Jogos Olímpicos de Tóquio devido a uma crise de saúde mental e admitiu, meses mais tarde, que “ainda tinha medo de fazer ginástica”. A revelação da atleta criou um movimento de alerta dentro do mundo desportivo e um efeito em cadeia que abriu a porta ao debate sobre a competição desportiva levada ao extremo e aos seus efeitos psicológicos.

Simone Biles e uma vitória maior do que as medalhas: “Permiti-me a mim mesma o risco de ser vulnerável em frente a uma multidão”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Holly Bradshaw, atleta de salto à vara, revelou no início do ano, em entrevista à Athletics Weekly, que a conquista da medalha de bronze olímpica em Tóquio a prejudicou física e mentalmente e questionou mesmo se “a busca pela glória valeu a pena”. Revelou ter “passado fome” para ficar em forma e abdicar totalmente do convívio noturno e outras atividades com amigos.

A tentar fazer melhor para os atletas que competem na edição de 2024 da competição mundial, o comité olímpico pretende ter uma zona destinada à descompressão mental para fugir ao ruído da aldeia olímpica. Kirsty Burrows, chefe da unidade de desporto seguro do COI, afirma que estes ambientes são essenciais. “Os atletas devem sentir que existem sistemas de apoio à sua volta. Devem sentir que, se tiverem alguma preocupação relacionada com a saúde mental, o bem-estar ou qualquer outra área, podem falar e procurar apoio”, explicou.

As medidas a adotar este verão terão por base o plano de ação para a saúde mental elaborado pelo COI em julho passado, que apresenta uma visão geral dos sintomas e perturbações de saúde mental, bem como a sua prevalência a nível de elite. As atualizações do kit de ferramentas de saúde mental desenvolvido pelo mesmo organismo em 2021 incluem uma abordagem passo a passo para as organizações desportivas e membros da comitiva médica de um atleta sobre como promover “ambientes atléticos psicologicamente seguros”.

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

Uma parceria com:

Fundação Luso-Americana Para o Desenvolvimento Hospital da Luz

Com a colaboração de:

Ordem dos Médicos Ordem dos Psicólogos