Populares de Macomia, Cabo Delgado, relataram esta sexta-feira à tarde à Lusa que os confrontos entre as Forças Armadas de Defesa e Segurança (FADS) de Moçambique e terroristas, naquela vila, continuam a sentir-se de forma “intensa”.

“Até agora há tiros na vila, as pessoas estão em debandada. Eu saí do esconderijo para ver minha casa, no bairro Napulubo, e está intacta”, disse à Lusa uma fonte, a partir das matas de Macomia, acrescentando que os terroristas estão a mobilizar as populações para não abandonarem a vila.

“Não há vítimas mortais entre os residentes, até porque nos pedem para não abandonarmos a vila, só querem os militares“, relatou.

Apesar do apelo dos rebeldes, os populares da vila de Macomia permanecem nas matas, receando um ataque contra civis.

Não estamos a lhes confiar, já vimos coisas parecidas”, lamentou outra fonte, a partir de Licangano.

O Ministério da Defesa Nacional moçambicano confirmou um “ataque terrorista” esta madrugada à vila de Macomia, Cabo Delgado, garantindo que um dos líderes do grupo foi ferido pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outro morto.

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Um terrorista morto em Moçambique após confronto com Forças Armadas

“O ataque durou cerca de 45 minutos e os terroristas foram prontamente repelidos pela ação coordenada das nossas forças, que obrigaram o inimigo a recuar, em direção ao interior do posto administrativo de Mucojo”, lê-se num comunicado do Ministério da Defesa Nacional.

Na mesma informação é referido que o ataque aconteceu cerca das 4h45 locais (3h45 em Lisboa) e que, durante o “confronto”, as FADM “capturaram um terrorista e feriram um dos líderes, conhecido por ‘Issa’, que conseguiu escapar, não havendo registo de óbitos ou feridos por parte das Forças Armadas”.

“Posteriormente, o terrorista capturado veio a perder a vida por ferimentos graves”, lê-se, acrescentando que “neste momento continuam ações de perseguição e aniquilamento dos elementos residuais do inimigo”.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, já tinha confirmado, ao final da manhã, este ataque à sede distrital de Macomia, em Cabo Delgado.

Nyusi explicou que o ataque aconteceu numa zona que antes era controlada pelos militares da missão dos países da África austral, que está em progressiva retirada até julho.

“É verdade que é uma zona ocupada pelos nossos irmãos que nos apoiam, em retirada. Mas os que estão no terreno são 100% os moçambicanos. Talvez possa haver um reforço (…). Como estão de saída. Espero que consigamos nos organizar melhor, porque o tempo de transição dá isso”, reconheceu, enaltecendo a intervenção em curso dos militares moçambicanos.

Os tiroteios na sede distrital começaram durante a madrugada, com os rebeldes a aparecerem no centro da vila, vindos da estrada de Mucojo, relataram fontes locais ao início da manhã, à Lusa.

Indicaram igualmente que a vila sede distrital de Macomia estava tomada por mais de uma centena de insurgentes.

“Estou a dizer que os disparos estão a acontecer em todo o lado, os terroristas ocuparam a vila toda e ainda não saíram, não sabemos se é desta vez que querem ocupar ou não”, relatou a fonte.

Ao início da manhã, algumas lojas de venda de produtos de primeira necessidade e carros de transporte de passageiros, bens e comércio foram abandonados pelos proprietários, devido ao medo.

“Ninguém levou nada, tudo está abandonado, desta vez foi demais porque já estávamos a recomeçar”, lamentou à Lusa um comerciante de roupa no centro de Macomia.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocimboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

A província enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.