A União Europeia, bem como os norte-americanos, acredita que o Estado chinês está a subsidiar ilegalmente os veículos chineses, especialmente os eléctricos. Daí que esteja a decorrer uma investigação à injecção de fundos estatais nas marcas que disputam os mercados de exportação ocidentais. Esta medida, polémica e capaz de causar grande desconforto junto das autoridades asiáticas, está a causar alguma “urticária” em algumas das marcas que potencialmente mais usufruem dela, nomeadamente a BMW e a Mercedes.

A estranha reacção dos responsáveis do 2.º e do 3.º maiores grupos germânicos, depois da Volkswagen, deve-se ao facto de as autoridades chinesas terem ameaçado a BMW e a Mercedes de impedir a comercialização dos topos de gama de ambos os construtores na China (os Série 5 e 7, além de os Classe E e S), caso a União Europeia dificulte a entrada das marcas chinesas no Velho Continente. Isto mesmo que Bruxelas se limite a adoptar medidas muito menos “radicais” do que as autoridades chinesas impuseram até aqui aos construtores europeus que pretendiam vender na China.

As ameaças do Governo de Xi Jinping levaram o CEO a BMW, Oliver Zipse, a defender junto da União que a indústria europeia não necessita de “protecção”, em forma de tarifas. O CEO da Mercedes, Ola Källenius, também concorda, defendendo mesmo que os impostos sobre carros chineses deveriam ser reduzidos.

A União Europeia tem previsto tomar uma decisão em Novembro, com uma posição inicial a poder ser tomada já em Julho. Resta saber se vai optar por defender o interesse da maioria e dos construtores, ou defender as regalias apenas de alguns, só porque são alemães — o país que é o maior contribuinte da União. Recorde-se que estes dois construtores alemães são dos que menos têm investido nos veículos a bateria, ao serem os únicos europeus que (ainda) não possuem modelos concebidos sobre plataformas específicas para eléctricos ou produção própria (ou em parceria) de baterias (células).

A Renault respondeu, através do seu CEO Luca de Meo, a esta posição da BMW e Mercedes, defendendo que os construtores se deveriam unir em certos domínios para combater as marcas chinesas, para reduzir custos em áreas tão variadas como, por exemplo, a produção de células, dado que as baterias continuam a ser “a peça” mais cara de um veículo eléctrico.

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