A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis descreveu esta terça-feira os planos do Governo dos Estados Unidos de quadruplicar as taxas alfandegárias sobre carros elétricos importados da China como uma ação “protecionista e isolacionista”.
Citado pela agência de notícias oficial Xinhua, o vice-presidente executivo e secretário-geral da associação, Fu Bingfeng, rejeitou as acusações de excesso de capacidade industrial e os receios sobre segurança nacional levantados por Washington.
A instituição reafirmou o compromisso com um “elevado nível de abertura”, que promete “maiores oportunidades de mercado” para as fabricantes automóveis globais.
Fu explicou que um “desenvolvimento robusto da indústria automóvel” necessita de “mente aberta e visão global”.
A imprensa norte-americana noticiou que a Casa Branca planeia revelar esta terça-feira a decisão de aumentar as taxas alfandegárias.
O plano está particularmente centrado nos veículos elétricos: espera-se que as taxas aumentem de 25% para quase 100%, com uma taxa adicional de 2,5% sobre todos os carros elétricos importados da China.
O jornal Wall Street Journal salientou que a atual taxa de 25% excluiu efetivamente do mercado norte-americano estes modelos, que tendem a ser mais baratos do que os fabricados no Ocidente.
Durante o mandato de Donald Trump (2017-2021), Washington impôs taxas sobre centenas de milhares de milhões de dólares de produtos chineses e Pequim respondeu com taxas retaliatórias, desencadeando uma guerra comercial que prejudicou o crescimento global e perturbou as cadeias de abastecimento.
Trump dispara. China retalia. O que está em causa na “guerra comercial”?
Numa visita à China, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, manifestou preocupação com o “apoio direto e indireto” de Pequim a determinados setores e considerou que os subsídios “estão a causar excesso de capacidade industrial chinesa”, algo que foi negado pelas autoridades do país asiático.
Desde que o setor automóvel passou a constar nos planos quinquenais delineados pelo Partido Comunista, há cerca de dez anos, foram criadas centenas de marcas de veículos elétricos no país.
Isto gerou excesso de capacidade de produção e um problema de sustentabilidade financeira: mais de 60% dos fabricantes chineses de elétricos vendem menos de 10.000 carros por ano.
Devido à feroz guerra de preços em curso, apenas a norte-americana Tesla e a chinesa BYD conseguem permanecer lucrativas, o que deverá conduzir a uma consolidação do setor nos próximos anos.