A Worldcoin, empresa que digitaliza a íris em troca de um pagamento em criptomoedas e que tem a atividade suspensa em Portugal devido a preocupações com os dados de menores, anunciou a integração de um novo sistema para aumentar a proteção dos dados dos utilizadores. Na prática, segundo Ricardo Macieira, diretor regional para a Europa da empresa Tools for Humanity, que lançou a Worldcoin, o código da íris passa a ser “dividido em partes, que estarão alocadas em diferentes servidores”.

O novo sistema de computação multipartidária (SMPC) encripta os códigos da íris dos utilizadores em “partilhas secretas” que serão armazenadas em partes diferentes. A integração representa, no entender do responsável, “uma forma mais robusta de proteção [de dados] porque uma única entidade não tem a informação completa”. “O facto de [o código da íris] estar separado garante que, mesmo que uma parte seja corrompida, nunca [ninguém] terá acesso à informação completa. A nível de encriptação (…) este é um dos níveis mais elevados, que até já prevê o futuro”, podendo ser “resiliente” contra a computação quântica.

Para o utilizador nada muda com a integração do SMPC, uma vez que se trata de uma alteração na forma como os códigos da íris são processados “internamente”. Em declarações ao Observador, Ricardo Macieira afirma que, através deste sistema, a Worldcoin consegue “garantir uma muito maior proteção aos dados dos utilizadores”. “Continuamos na nossa missão de desenvolver o projeto e continuar a elevar o nível de qualidade e de tecnologia e chegar a um novo standard da indústria, no que diz respeito à proteção, encriptação e tratamento dos dados dos nossos utilizadores”, acrescenta.

O sistema que era utilizado pela Worldcoin, que armazenava o código da íris completo e num “servidor encriptado”, “já foi apagado”. De acordo com o diretor regional para a Europa da empresa Tools for Humanity, tratava-se do “standard da encriptação a nível mundial”. O novo sistema, porém, eleva a encriptação a “um nível até superior ao que é requerido por lei”.

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Antes da integração do SMPC, que foi anunciada esta quarta-feira, com o intuito de reforçar a segurança dos dados, a Wordcoin já tinha, há pouco mais de um mês, revelado que ia passar a verificar as idades presencialmente para garantir que apenas pessoas maiores de 18 anos faziam a recolha de imagens digitais da íris em troca de uma compensação em criptomoedas. Além disso, disse que passaria a permitir apagar o código da íris. As alterações só serão introduzidas em Portugal quando terminar a suspensão de 90 dias que foi introduzida no final de março pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD).

Neste momento, segundo Ricardo Macieira, a Worldcoin mantém-se em “conversações” com a CNPD e espera poder, após a suspensão de 90 dias, retomar “as operações rapidamente”.

Worldcoin passa a verificar idades presencialmente e a permitir apagar código da íris