A dimensão da multidão fazia parecer que o Liverpool ia realizar o jogo de consagração depois de conquistar a Premier League. Na verdade, o Liverpool entrou para a última jornada da Premier League já a saber que iria terminar no terceiro lugar — mas a última jornada da Premier League era também o último jogo de Jürgen Klopp pelos reds.
O autocarro do Liverpool foi engolido por uma mancha de adeptos à chegada a Anfield, este domingo e antes da receção ao Wolverhampton, e o primeiro momento de homenagem ao treinador alemão no interior do estádio chegou ainda durante o aquecimento. Klopp apareceu no relvado e recebeu a primeira ovação da tarde, olhando emocionado para uma moldura que contava com três mosaicos nas bancadas: “Danke”, obrigado em alemão, “Jürgen” e “YNWA”, a sigla de “You’ll Never Walk Alone”, o cântico mais conhecido e reconhecido do clube.
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Klopp esteve mais calmo do que o habitual durante o jogo, que o Liverpool acabou por vencer com golos de Mac Allister e Quansah, e passou a larga maioria do tempo sentado no banco em conjunto com a restante equipa técnica. Ainda assim, foi notória a emoção do treinador no momento em que ouviu o mesmo “You’ll Never Walk Alone” pela última vez enquanto líder dos reds, dirigindo um sorriso tímido para as bancadas enquanto procurava travar as lágrimas.
Depois do apito final, soltaram-se as derradeiras celebrações. Jürgen Klopp vestiu uma camisola vermelha onde se lia “I’ll Never Walk Alone Again” nas costas e “Thank you luv” à frente e foi cumprimentado por John W. Henry, o dono do Liverpool que viajou de Boston para estar presente na despedida, o presidente Tom Werner, o CEO Billy Hogan e ainda Kenny Dalglish, lenda do clube. Depois de devida guarda de honra, de muitos cânticos e momentos de autêntica comunhão com o plantel, o treinador alemão recebeu o microfone e dirigiu algumas palavras às bancadas.
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“Estou tão feliz. Nem consigo acreditar”, começou por dizer. “Vocês são o super-poder do futebol mundial. Nós decidimos se estamos preocupados ou entusiasmados. Nós decidimos se acreditamos. Nós decidimos se confiamos ou se não confiamos e a partir de hoje eu sou um de vocês. Vou continuar a acreditar em vocês. Adoro-vos. Não parece um fim, parece um começo. Hoje vi uma equipa cheia de talento, de juventude, criatividade, desejo e ambição”, atirou Klopp, que ainda teve tempo para confirmar oficiosamente que será sucedido por Arne Slot, até aqui treinador do Feyenoord, no momento em que pediu às bancadas para começarem desde já a cantar o nome do neerlandês.
Jürgen Klopp despediu-se de Anfield e do Liverpool ao fim de nove anos e depois de conquistar uma Premier League (30 anos depois da última do clube), uma Liga dos Campeões, uma Taça de Inglaterra, uma Supertaça Europeia, um Mundial de Clubes, duas Taças da Liga e uma Community Shield, entre 298 vitórias em 498 jogos disputados. Mais do que isso, Jürgen Klopp despediu-se de Anfield e do Liverpool depois de ter recuperado e restaurado um clube que parecia perdido em amarguras. E os vários murais de homenagem do treinador alemão que estão espalhados pela cidade que o acolheu são o exemplo disso mesmo.
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Mas não só. Enquanto Klopp se despedia do Liverpool, Guardiola sagrava-se tetracampeão inglês com o Manchester City — e não esquecia o rival mais consistente e regular desde que chegou a Inglaterra, esforçando-se para contrariar uma emoção visível na conferência de imprensa. “O Jürgen tem sido uma parte importante da minha vida. Levou-me a outro nível como treinador”, começou por dizer o espanhol.
“Acho que nos respeitamos de uma forma incrível. Tenho a sensação de que ele vai voltar. Quero só agradecer pelas palavras dele. Ele sabe, pessoalmente, que o clube me dá muitas coisas que estão atrás de mim. Sozinho não consigo”, acrescentou Guardiola, em resposta ao facto de Klopp ter indicado que o espanhol é o melhor treinador do mundo na última conferência de imprensa de antevisão.
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Entretanto, o Liverpool divulgou as imagens do último discurso do alemão no balneário do Liverpool, antes do jogo contra o Wolverhampton, com Jürgen Klopp a aproveitar para deixar palavras fortes sobre o futuro do clube. “Eu adoro-vos. É o que posso dizer. O futebol que vocês jogam é ridículo e mal posso esperar para ver como se desenvolvem com os próximos passos”, começou, sublinhando que o Liverpool foi a única equipa a contrariar a hegemonia do Manchester City nas últimas temporadas.
“Disse hoje de manhã que as pessoas que dizem que os troféus conquistados não chegam não fazer a menor ideia do que é o futebol. Se poderíamos ter feito melhor em alguns momentos? Sim. Mas é preciso muito tempo para uma equipa voltar a ser de topo e vocês conseguiram-no assim“, acrescentou, estalando os dedos.
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