O escritor Salman Rushdie, que no final da década de 1980 foi alvo de uma fatwa decretada pelo aiatolá Khomeini pelo seu célebre livro Os Versículos Satânicos, considera que a criação de um estado palestiniano “neste momento” seria equivalente à criação de um “estado tipo-talibã” liderado pelo Hamas e sob influência do Irão.

Rushdie, que publicou recentemente o livro Faca (sobre o atentado que sofreu em 2022) e que deverá estar em Portugal em setembro deste ano, falava a um podcast alemão divulgado na semana passada e citado esta segunda-feira pelo jornal britânico The Guardian.

“Defendi um estado palestiniano durante praticamente toda a minha vida — provavelmente desde os anos 80 — [mas] neste momento, se houvesse um estado palestiniano, seria liderado pelo Hamas, o que o tornaria num estado tipo-talibã, que seria um estado cliente do Irão”, afirmou Salman Rushdie.

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O autor, de nacionalidade britânica e norte-americana, também considerou “estranho” que haja grupos de estudantes “progressistas” a, de certa forma, dar o seu apoio a um “grupo terrorista”. Rushdie falava sobre os protestos por parte de estudantes norte-americanos a favor da Palestina nos campi universitários que têm marcado as últimas semanas.

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“É isto que os movimentos progressistas da esquerda ocidental querem criar? Ter mais um estado tipo-talibã, tipo-aiatolá, no Médio Oriente, mesmo ao lado de Israel?”, perguntou Rushdie. “A verdade é que, na minha opinião, qualquer ser humano devia estar perturbado pelo que está a acontecer em Gaza, devido à quantidade de mortes inocentes.”

“Simplesmente, gostaria que alguns dos protestos mencionassem o Hamas. Porque foi aí que isto começou e o Hamas é uma organização terrorista. É muito estranho que um grupo de jovens estudantes progressistas apoiem, de certa forma, um grupo fascistas terrorista”, acrescentou ainda Rushdie, citado pelo The Guardian.

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Em 1988, Salman Rushdie publicou Os Versículos Satânicos, obra que o tornaria mundialmente célebre, mas que levaria o aiatolá Khomeini a emitir uma fatwa decretando a sua morte, devido às caracterizações satíricas do profeta Maomé.

Em 2022, Rushdie foi alvo de um atentado à faca, que o deixou cego de um olho e com dificuldades de movimento numa das mãos. Este ano, publicou o livro Faca, justamente sobre o atentado.