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“Só mediante uma negociação” é que pode haver um Estado Palestiniano, considerou nesta quarta-feira a administração Biden, recusando que isso possa ser obtido através de reconhecimentos unilaterais como os que Espanha, Irlanda e Noruega vão fazer. Esse reconhecimento, que deverá acontecer na próxima semana, foi considerado uma “estupidez” pelo governo israelita, que chamou de urgência os embaixadores nos três países. Portugal não mudará, para já, a posição que tem sobre este tema.
O reconhecimento do Estado palestiniano por parte destes três países deverá acontecer a 28 de maio, de acordo com a informação que foi transmitida à imprensa esta quarta-feira. No caso de Espanha, surge depois de Pedro Sánchez ter assinado, no final de março, com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta), uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina. Em abril, o presidente do governo espanhol fez um périplo europeu para tentar levar mais países a reconhecer a Palestina que incluiu também a Bélgica e um estado que não faz parte da União Europeia (UE), a Noruega.
Dentro da UE, nove Estados-membros reconhecem já a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder. Nas Nações Unidas, já reconheceram unilateralmente o Estado da Palestina cerca de 137 dos 193 membros da organização, de acordo com a Autoridade Palestiniana.
Os anúncios feitos esta quarta-feira pelos três países são, na opinião do governo de Telavive, uma “parada de estupidez“. “Israel não vai deixar passar isto sem se fazer ouvir”, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros Israel Katz. O comentário veio depois de ser anunciado oficialmente que Espanha, Noruega e Irlanda devem reconhecer o Estado Palestiniano a 28 de maio. Os embaixadores nesses países foram chamados para consultas urgentes com o governo de Telavive.
“A Irlanda e a Noruega estão a enviar uma mensagem aos palestinianos e a todo o mundo de que o terrorismo compensa“, afirmou Israel Katz, acrescentando que esta decisão é dar um “prémio” ao Hamas e ao Irão. Esta “decisão retorcida” por parte destes três países “é uma afronta às vítimas do 7 de outubro” e “prejudica os esforços no sentido de recuperar os 128 reféns”.
A parada de estupidez irlandesa e norueguesa não irá deter-nos. Estamos determinados a cumprir os nossos objetivos: devolver a segurança aos nossos cidadãos, derrotar o Hamas e recuperar os reféns”, terminou Israel Katz.
O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, justificou a decisão pelo facto de a guerra em Gaza ter tornado “abundantemente claro” que conseguir paz e estabilidade naquela região implica a criação de um estado “politicamente coeso” liderado pela Autoridade Palestiniana. Jonas Gahr Støre disse, também, que a solução de dois estados é a que defende “os melhores interesses” de Israel.
O grupo extremista palestiniano Hamas atribuiu a decisão de Espanha, Irlanda e Noruega de reconhecer o Estado da Palestina à “resistência corajosa” do povo palestiniano. “Estes reconhecimentos sucessivos são o resultado direto desta resistência corajosa e da perseverança histórica do povo palestiniano”, disse Bassem Naim, membro do gabinete político do Hamas à agência francesa AFP.
Acreditamos que se trata de um ponto de viragem na posição internacional sobre a questão palestiniana”, disse Naim, numa primeira reação do Hamas à decisão dos três países europeus.
Num comunicado que divulgou posteriormente, o Hamas afirmou que o reconhecimento é uma decisão importante para os palestinianos. “Consideramos que se trata de um passo importante para a afirmação do nosso direito à terra e para a criação de um Estado palestiniano com Jerusalém como capital”, disse o Hamas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros avançou que Portugal não vai reconhecer para já o Estado da Palestina, ao contrário da Noruega, Espanha e Irlanda, que devem fazer o reconhecimento formal a 28 de maio. “Portugal mantém a mesma posição do anterior governo e não vai assumir uma posição diferente”, afimou o ministério.
De acordo com a fonte oficial, o Governo já recomendou a admissão da Palestina, no entanto permanecem com “posição de mediador”.