O Egito e a Turquia instaram esta sexta-feira Israel a cumprir a decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que exige a cessação imediata da sua ofensiva em Rafah, sul de Gaza, e a proteção dos habitantes do território palestiniano.

“O Egito instou Israel a cumprir as suas obrigações legais no âmbito da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio e do direito humanitário internacional”, indicou esta sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cairo em comunicado, depois de tomar conhecimento da decisão da mais alta autoridade judicial da ONU.

Na nota, o Egito exigiu que Israel “implemente todas as medidas provisórias emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça, que são consideradas juridicamente vinculativas e executórias”, entre as quais a cessação imediata das operações militares israelitas e qualquer outra ação na cidade palestiniana de Rafah.

Decisão do TPI contra Israel e Hamas foi unânime

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O TIJ exigiu esta sexta-feira que Israel “pare imediatamente a sua ofensiva militar” em Rafah para evitar “a destruição física total ou parcial” dos palestinianos da Faixa de Gaza como um grupo protegido pela Convenção do Genocídio.

O Egito sublinhou que Israel tem total responsabilidade legal “pela deterioração das condições humanitárias na Faixa de Gaza como potência ocupante”, e apelou ao Governo israelita para pôr fim às “suas políticas sistemáticas contra o povo palestiniano de ataques, fome e cerco, em violação de todas as disposições do direito internacional e das normas internacionais e do direito humanitário”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio considerou que a decisão do TIJ é “consistente com a atual situação trágica na Faixa de Gaza” e com “a contínua expansão de assassínios e destruição que afetou palestinianos indefesos” como resultado da intervenção israelita, no âmbito da guerra entre as forças de Telavive e o grupo islamita Hamas.

A diplomacia do Cairo apelou ainda ao Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional para que cumpram as suas responsabilidades legais e tomem medidas para alcançar um cessar-fogo abrangente e garantir o fluxo total de ajuda em toda a Faixa de Gaza.

Noutra reação, também a Turquia instou esta sexta-feira o Conselho de Segurança da ONU a “fazer a sua parte” para forçar Israel a implementar a decisão do TIJ.

“Esperamos que as decisões tomadas pelo Tribunal sejam rapidamente implementadas por Israel. Para o garantir, convidamos o Conselho de Segurança da ONU a fazer a sua parte”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Ancara em comunicado de imprensa.

Nenhum país do mundo está acima da lei“, acrescenta Ancara, comentando que saúda a decisão tomada pelo tribunal da ONU, que deverá aumentar a pressão internacional a favor de uma trégua depois de mais de sete meses de guerra entre Israel e Hamas.

O TIJ também ordenou que Israel mantivesse aberta a passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, que fechou após o lançamento da sua operação terrestre contra a cidade palestiniana no sul do enclave no início de maio.

Julgamento de Israel por genocídio em Gaza. Quais foram as acusações apresentadas pela África do Sul ao Tribunal Internacional de Justiça?

A Turquia anunciou no início do mês que se juntaria à ação legal da África do Sul contra Israel perante o TIJ, que acusa Telavive de genocídio.

Este processo ainda está a ser analisado, mas o TIJ emitiu entretanto ordens provisórias para que Israel fizesse tudo o que estivesse ao seu alcance para impedir qualquer ato de genocídio e permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

“Estamos em guerra”. Hamas avançou contra Israel num dos maiores ataques dos últimos anos

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023, que causou acima de 1.100 mortos e colocou cerca de 250 pessoas na condição de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que já custou a morte a mais de 35 mil pessoas, na maioria civis, e deixou o enclave numa grave crise humanitária, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas.