A Noruega entregou este domingo documentos diplomáticos ao primeiro-ministro palestiniano no último passo para o reconhecimento do Estado da Palestina.
Irlanda e Espanha assumiram um compromisso concertado com a Noruega de reconhecer a Palestina como Estado, num movimento histórico que aumenta o isolamento de Israel mais de sete meses após a ofensiva contra o Hamas na Faxa de Gaza.
A entrega de documentos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Espen Barth Eide, ao primeiro-ministro palestiniano foi feita em Bruxelas, onde Mohamed Mustafa se encontra e onde se reunirá com ministros dos Negócios Estrangeiros de países da União Europeia e autoridades de alto nível da União Europeia (UE) na segunda-feira para angariar apoio para a causa palestiniana. A Noruega não faz parte da União Europeia.
A acção diplomática dos três países representa um importante apoio às autoridades palestinianas que durante décadas procuraram estabelecer um Estado em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza — territórios que Israel conquistou na guerra de 1967 e ainda controla.
“O reconhecimento significa muito para nós. É a coisa mais importante que alguém pode fazer pelo povo palestiniano”, disse Mustafa.
O reconhecimento formal por parte de Noruega, Espanha e Irlanda — que têm um historial de laços amistosos tanto com os israelitas como com os palestinianos, embora defendam há muito tempo um Estado palestiniano — está planeado para terça-feira.
Cerca de 140 países — mais de dois terços das Nações Unidas — reconhecem o Estado palestiniano, mas a maioria dos 27 países da UE anda não o faz.
A UE, os Estados Unidos e o Reino Unido, entre outros, apoiam a ideia de um Estado palestiniano independente ao lado de Israel, mas consideram que deve ser parte de um acordo negociado.
O Governo português disse a semana passada que Portugal mantém a vontade de reconhecer a Palestina como Estado, mas está a tentar obter o maior consenso possível entre os membros da União Europeia.
A entrega de documentos hoje ocorre apenas dois dias depois de o Tribunal Internacional de Justiça ter ordenado a Israel que suspendesse imediatamente a sua ofensiva militar na cidade de Rafah, no sul de Gaza, aumentando a pressão sobre o país que está cada vez mais isolado.
Dias antes, o procurador Karim Khan do Tribunal Penal Internacional solicitou pedidos de detenção para líderes israelitas, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, juntamente com responsáveis do Hamas.
A ofensiva em curso na Faixa de Gaza decorre da retaliação de Israel ao ataque sem precedentes de outubro perpetrado pelo Hamas, que matou mais de 1.170 pessoas, na maioria civis, além de fazer 252 reféns. A ofensiva, por sua vez, causou mais de 35.700 mortos até ao momento, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.