A vitória foi no Jamor, a celebração aconteceu na Mealhada antes de uma passagem por Fátima, a chegada ao FC Porto só se deu depois das 5h da manhã mas ainda havia forças para algo mais esta segunda-feira, um dia que ficará assinalado pela despedida do plantel em termos oficiais antes do período de férias ou destinado às seleções nacionais para nomes como Diogo Costa, Pepe, Francisco Conceição, Evanilson, Wendell ou Pepê. No entanto, e ao contrário das outras dez ocasiões desde que Sérgio Conceição assumiu o comando técnico dos azuis e brancos, a entrega de um troféu conquistado ao Museu do clube, neste caso a Taça de Portugal, teve um peso especial. Diferente. Até nostálgico. E a cerimónia teve tanto de curta como de marcante.

A decisão de Sérgio Conceição está tomada e tudo aponta para a saída. Para onde? E quem pode chegar?

Depois da chegada de todo o plantel ao Museu, neste caso ainda com Galeno a transportar ganho na véspera frente ao Sporting após prolongamento, Pepe, capitão do FC Porto, entregou o mesmo ao ainda presidente da SAD dos dragões, Jorge Nuno Pinto da Costa, que foi o primeiro a discursar tendo a seu lado ou atrás de si Sérgio Conceição, Vítor Baía e Luís Gonçalves. E havia muito para dizer e recordar neste 27 de maio.

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“Hoje é um dia especial para mim, tanto pelo presente quanto pelo passado. Presente, porque é o último dia em que serei presidente da SAD. Amanhã [Terça-feira] passarei o testemunho ao André Villas-Boas, a quem desejo as maiores felicidades. Especial, porque hoje faz anos que, a 27 de maio de 1987, conquistámos a primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus, o primeiro troféu internacional que deu azo a mais seis. Foi um dia inolvidável, presente aqui diariamente nos ecrãs do Museu, o arrancar do FC Porto para épocas de glória e vitórias. E também foi a 27 de maio de 2017 que, com um aperto de mão, contratei o Sérgio Conceição para treinar o FC Porto. São duas datas inesquecíveis pela vitória e pelo que significou a sua entrada no FC Porto e os 11 troféus conquistados como chefe da equipa técnica do FC Porto. Este dia será sempre especial pelas três razões que mencionei”, começou por frisar na ocasião Pinto da Costa.

[Já saiu o terceiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio.]

“Estamos aqui para receber a 20ª Taça de Portugal, o 11º troféu do mister Sérgio Conceição mas estamos aqui todos, eu, o senhor André Villas-Boas, o presidente André Villas-Boas, todos os dirigentes entre os atuais e os futuros para homenagear e agradecer a esta equipa. Foi uma época muito difícil por razões económicas, pela atuação maquiavélica nos nossos jogos com arbitragens inacreditáveis com pénaltis por marcar e outros revertidos como não se viu em mais lado nenhum e só a vossa força de vontade, a vossa capacidade e o vosso espírito de equipa conseguiram trazer esta taça para o Museu”, destacou.

“É muito importante para todos e para mim também, porque estar no meu último dia como presidente da SAD a receber este troféu de um dos símbolos, o capitão Pepe, é uma satisfação enorme. Dá-me força para poder acompanhar o FC Porto em todos os estádios deste país e deste mundo. Deixarei de ser presidente mas portista só quando morrer e mesmo assim não sei se lá em cima é possível ter clube. Estou muito grato a todos. Foram anos inesquecíveis para mim. 42 anos é mais tempo do que a vida que muitos de vós têm. Dediquei-me ao FC Porto e a vocês e estou contente porque em todos com quem lidei conquistei um amigo. No abraço que vou dar a Sérgio Conceição quero incluir todo o grupo de trabalho e no abraço ao André Villas-Boas incluo o voto de felicidades que desejamos ao FC Porto”, concluiu Pinto da Costa, que mais uma vez se mostrou visivelmente emocionado perante os aplausos de pé todo o plantel e staff portistas.

“É um momento de grande emoção na presença do senhor presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Este Museu reflete a grandeza do FCP Porto mas também reflete tudo o que você deu, a vida que deu pelo clube, tudo o que conquistamos e o portismo que tanto significa para todos nós. Eu começo a ter memórias do FC Porto desde os três/quatro anos e estão intimamente ligadas a si, pelo que me ofereceu enquanto adepto e sócio. Serão um peso de responsabilidade e de exigência para mim para levar este clube no bom sentido, das vitórias, da sustentabilidade e se possível de tanta glória como a sua, que aqui deixou”, referiu depois André Villas-Boas, que discursou de seguida também ao lado da 20.ª Taça de Portugal no clube.

“Sobre a Taça conquistada, parabenizo toda a equipa técnica, equipa médica, as equipas de apoio, logísticas, rouparia, muitos parabéns. Igualamos o Benfica em número de títulos, pelo que desejo sinceramente que a Supertaça, no dia 3 de agosto, nos traga essa ultrapassagem e volte a colocar o FC Porto como o clube mais titulado nacional que é o rumo que todos desejamos. Uma palavra final ao mister Sérgio Conceição por sete anos maravilhosos de glórias e títulos. Um agradecimento muito especial a si. Muito obrigado em nome do FC Porto por tudo aquilo que fez pelo clube”, concluiu de seguida o líder dos portistas, confirmando quase a saída do técnico que será anunciada nas próximas horas, coincidindo com o momento em que Pinto da Costa deixe também de ser o presidente da SAD dos azuis e brancos.

“Futuro? Já tenho a decisão tomada, sim. Nos próximos dias saberão”: o tabu de Sérgio Conceição no título de todos os recordes