A taxa de juro na zona euro, que está fixada em 4%, deve ter uma primeira redução na próxima semana, na reunião do Conselho do BCE marcada para 6 de junho. Porém, o economista-chefe da autoridade monetária, Philip Lane, defende que, depois desse momento, a taxa de juro deve baixar muito devagar nos meses seguintes. Os juros devem continuar em “terreno restritivo” pelo menos até ao final do ano, considera o economista irlandês.
Estima-se que, na zona euro, uma taxa de juro “neutra” estará perto de 2% – ou seja, um nível de taxa de juro que nem estimula nem restringe a atividade económica. Ao considerar que a taxa de juro deve manter-se em território “restritivo” pelo menos até ao final de 2024, Philip Lane está a dizer que pode haver descidas de taxas de juro nos meses depois de junho mas, na sua opinião, não se deve baixar os juros demasiado rapidamente.
Em entrevista ao Financial Times, o economista irlandês afirmou que “a menos que haja alguma grande surpresa, neste momento estamos a ver condições suficientes para afastar a taxa de juro do nível superior de restrição”, ou seja, os 4% onde os juros estão desde setembro de 2023. Estes 4% são vistos como o ponto mais alto deste ciclo de subidas dos juros, que foi o mais brusco da história da zona euro, e a descida da inflação está a convencer a generalidade dos responsáveis do BCE de que os juros podem baixar um pouco – mesmo que continuem acima do tal nível “neutral”, que se estima rondar os 2%.
“A melhor forma de enquadrar este debate é que ainda precisamos de ser restritivos durante o que resta do ano” de 2024, clarificou o economista-chefe do BCE. Porém, assinalou, “mantendo-nos numa zona de restrição, é possível descer um pouco” o nível das taxas de juro. É preciso manter alguma restrição, defende Lane, porque ainda se identificam pressões inflacionistas nos salários na zona euro.
Centeno foi um dos vários membros do BCE que pediram baixa de juros já. Mas descida só virá em junho
Na última reunião do BCE, em abril, já houve alguns governadores que defenderam que a taxa de juro já deveria ter sido reduzida – para 3,75%, por exemplo. Entre eles, apurou na altura o Observador, esteve Mário Centeno.
Os mercados financeiros estão a apostar que, depois do corte de juros de junho, deverá apenas existir mais um corte até ao final do ano, o que faria com 2024 terminasse com uma taxa de juro de 3,5%. Anteriormente, os mercados apostavam em três cortes até ao final do ano (para 3,25%) mas essas expectativas foram moderadas nos últimos dias.