Saiu no meio do autêntico terramoto que foi a Operação Cartão Vermelho, esteve detido antes de ser ouvido, ainda fez esporádicas aparições no clube onde sentiu apoio mas ouviu algumas “bocas” de associados mais descontentes com tudo o que vinha a público, acabou depois por andar mais resguardado. Foi há quase três anos que Luís Filipe Vieira deixou a Luz depois de quase duas décadas no comando de um Benfica que, de forma interina e depois sufragada pelos sócios, passou a ter o antigo capitão e administrador Rui Costa como responsável máximo. No entanto, e perante uma temporada que ficou muito aquém no futebol (a nível de modalidades será prematuro fazer grandes análises, sendo que o futebol feminino teve a sua melhor época de sempre), começaram algumas movimentações de bastidores. O antigo presidente negou essas notícias.

“Por força do que levou ao meu afastamento da presidência do Benfica, em 2021, todo o meu foco e disponibilidade está concentrado unicamente na defesa do meu bom nome e dos atos de gestão que assumi enquanto desempenhei o cargo para o qual fui eleito ao longo de vários mandatos, entre 2003 e 2021. Não estou envolvido na procura de nenhuma alternativa à atual Direção do Benfica, eleita legitimamente e por ampla maioria em outubro de 2021, nem tenho pretensões de me envolver no ato eleitoral, de forma direta ou indireta, que deverá decorrer em finais do próximo ano. A notícia é falsa e assenta em pressupostos que não têm a mínima consistência. Sempre fui frontal nas minhas posições, nunca precisei de intermediários. Se um dia entender voltar a ter voz publica sobre os destinos do Benfica, serei eu a dizê-lo de viva voz, sem necessidade de candidatos sombra”, defendeu, num direito de resposta a essas hipóteses levantadas.

Ainda assim, e num raro momento de pausa em relação ao afastamento que tem levado do clube para falar em específico sobre Rúben Amorim, Vieira falou à TVI sobre o técnico campeão: “Se o Rúben Amorim ficar no Sporting não tenho dúvidas nenhumas de que o Sporting terá a hegemonia do futebol português nos próximos anos”. “O que faria se fosse presidente do Sporting? Garanto-lhe que não saía e não lhe faltava nada, isso pode ter a certeza. O trabalho de Rúben Amorim e de Hugo Viana é notório”, acrescentou, no primeiro teaser que foi dado a conhecer dessa entrevista ao canal que passaria à noite na íntegra.

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“O Rúben portou-se mal comigo mas não levei a mal… Ele não falou comigo, porque entendi que não devia passar por cima de outras pessoas, que estavam à frente da formação do Benfica. Sempre lhe disse para vir ter comigo ao Seixal quando acabasse a reunião. A reunião não correu de feição para ele e perguntei a alguém por ele. Só ao fim da tarde consegui ligar, porque tinha trabalho, ele explicou porquê e disse que tinha assinado pelo Sp. Braga. Se ele tem falado comigo, não saía do Benfica ou do Seixal”, contou o ex-presidente dos encarnados, numa história que resumiu a razão para Rúben Amorim não ter ficado no Benfica depois da curta passagem pelo Casa Pia, na altura com uma proposta para comandar os Sub-23 do clube.

“Quando o Rúben foi campeão em 2021, dei-lhe um abraço de despedida e disse-lhe ‘Ainda vens para o Benfica novamente, deixa estar’. E ele riu-se”, contou ainda no mesmo trabalho Luís Filipe Vieira. “Ver uma palestra do Rúben a imitar o Jorge Jesus é delicioso. Uma vez o Jesus disse-me ‘Este gajo de certeza que um dia vai ser um grande treinador'”, acrescentou sobre o técnico que trabalhou durante sete anos com Rúben Amorim, primeiro no Belenenses e depois no Benfica. “Foi o jogador que mais anos trabalhou comigo. Era um jogador interessado, que quer perceber porque faz as coisas e sabe porque faz as coisas. Normalmente esses jogadores dão treinadores”, contou também o atual técnico do Al Hilal.

“Apresentaram-lhe um projeto que ele achou que não fazia sentido na cabeça dele. O único erro foi estar dentro do Seixal e não ter falado comigo. Não lhe puseram os patins… Disseram-lhe como o Benfica trabalhava e isso não fez sentido na cabeça dele. O Pedro Mil-Homens e o Pedro Marques falaram com ele, entendeu que não fazia sentido. Quando me telefonou já tinha assinado pelo Sp. Braga. Devia ter-me ligado antes. Não me telefonou e seguiu para o Braga. Ia ser treinador do Benfica. Não da equipa principal naquele momento, mas viria a ser”, tinha contado Vieira numa entrevista à CMTV em junho de 2022.

“Se fosse eu [o presidente do Benfica], tinha uma conversa séria com ele e exercia a cláusula de 30 milhões de euros. Trazia-o para o Benfica e estava pago no ano seguinte. Se não quisesse… Pagava, batia a cláusula para ele vir. É o meu preferido, mas ele agora não sai do Sporting. Depois da oportunidade que teve, não quer sair, segundo consta”, acrescentou o antigo presidente, que na altura criticava também a escolha de um técnico estrangeiro para o Benfica quando Rui Costa já tinha contratado Roger Schmidt para as águias.