O cabeça de lista do Livre visitou este domingo uma rua que separa bons e maus exemplos de resposta à crise na habitação e acusou a direita de hipocrisia por inviabilizar soluções para um problema reconhecido por todos.
A rua Ferreira de Mesquita, no Entroncamento, separa dois cenários: de um lado, cerca de 40 casas onde estão a ser concluídas as obras de reabilitação para, em breve, receberem famílias a rendas acessíveis; do outro, um terreno onde a autarquia socialista quer construir 100 habitações, mas a intenção continua a esbarrar nos votos contra da oposição à direita.
“Temos aqui um bom e um mau exemplo. Um bom exemplo em que conseguimos reabilitar casas e dar a famílias que trabalham cá ou usam a ferrovia e, por outro lado, tivemos um mau exemplo de um projeto de mais de 100 casas 100% financiado por fundos europeus que, infelizmente, a direita voltou a chumbar”, sublinhou Francisco Paupério.
Foi Rui Simões, apoiante do partido e morador no concelho, que mostrou o projeto ao cabeça de lista do Livre às eleições europeias de 9 de junho e explicou como aquele era também um dos bons exemplos da aplicação dos fundos europeus no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
Em breve, aquelas casas, que em tempos servirão de habitação a trabalhadores da CP, serão distribuídas a 40 famílias com rendas acessíveis, dando resposta à pressão cada vez maior no concelho que, pela proximidade a Lisboa através da ferrovia, tem vindo a ser mais procurado como uma alternativa aos preços altos da capital.
“Essa pressão começa a sentir-se aqui e, portanto, investimento deste tipo na habitação faz sentido nos grandes centros urbanos e começa a fazer cada vez mais sentido ao longo da linha do comboio. O Entroncamento é exemplo disso”, acrescentou Natércia Lopes, da direção do Livre e que também acompanhava a visita.
Na mesma rua, podiam estar a ser construídas outras 100 casas para arrendamento acessível. Era essa a intenção da autarquia, liderada pelo PS, mas os vários projetos apresentados foram sucessivamente chumbados pelo PSD e pelo Chega.
“Toda a gente admite uma crise na habitação, toda a gente critica a falta de uso público para a habitação e temos aqui uma proposta de uso de bens públicos (…) que rejeitaram por considerar que não é preciso mais habitação no Entroncamento”, lamentou Francisco Paupério.
Apontando o dedo aos partidos à direita, o “número um” do Livre criticou a “hipocrisia e contrassenso” de quem tem “muitas intenções, poucas propostas e até contradições ao seu passado”.
“Mais uma vez, vemos a direita contra a habitação, apesar de depois querer colocar a habitação na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”, afirmou.
De passagem pelo Entroncamento, e apesar do calor ribatejano que este domingo chegou aos 35°C, o candidato biólogo também não quis deixar passar a oportunidade de passear no Parque Verde do Bonito onde, entre o contacto com a natureza e com alguma população, fez também um primeiro ensaio da sua presença no Parlamento Europeu.
Sentado ao centro do anfiteatro de pedra, como no hemiciclo europeu se senta o grupo dos Verdes, a que o Livre pertence, Francisco Paupério disse, quando questionado, que era fácil escolher o tema da sua primeira intervenção, se for eleito no dia 9: a Lei do Restauro da Natureza.