Ao nono dia de campanha, João Cotrim Figueiredo começa a acreditar que é possível eleger dois eurodeputados liberais a 9 de junho. Mesmo sublinhando que faltam ainda dados para perceber se este cenário é ou não concretizável, o cabeça de lista da Iniciativa Liberal não escondeu otimismo.
De manhã, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha no Politécnico de Viseu, João Cotrim Figueiredo foi desafiado a dizer se já acha ou não possível a eleição de um segundo eurodeputado — ele que há dias tinha sido muito prudente na resposta.
“Acho possível. Não me perguntaram se acho provável. Meço as minhas palavras e respondi que era possível. A campanha está a correr bem e temos conseguido passar a mensagem”, assumiu o liberal, recordando que a última sondagem conhecida dá o partido “na fronteira” do segundo deputado, com cerca de 7,5% das intenções de voto. Para Cotrim, isso é a prova de a IL está a conseguir convencer os eleitores.
“É difícil não olhar para a conjunto das candidaturas e não ver uma [a da IL] que é particularmente confiante em relação ao projeto europeu e otimista. É difícil não olhar para alternativas entre aqueles que gostam da Europa e não perceber que há aqui uma muito maior capacidade de influência e de mudar as agendas no Parlamento Europeu. Acho que isso é reconhecido”, rematou.
Tudo isto num dia em que recebeu um apoio de peso.João Cotrim Figueiredo recebeu uma mensagem de Christian Lindner, ministro das Finanças alemão, a declarar o apoio ao português. Para Lindner, Cotrim personifica os valores da “liberdade, inovação e progresso” e tem um “compromisso inabalável com os princípios liberais” com a ideia de “uma sociedade mais próspera e justa”.
“João Cotrim e a Iniciativa Liberal defendem políticas que promovam a liberdade individual, a liberdade económica e uma governação transparente. Estas não são apenas palavras; são a base de uma democracia próspera e de uma Europa próspera. João, desejo-te boa sorte para e para a tua equipa e espero ver-te em breve em Bruxelas”, escreveu o alemão.
O apelo aos descamisados
De resto, vai amadurecendo o apelo ao voto de João Cotrim Figueiredo junto do eleitorado que alimenta o Chega ou que cai para abstenção. Nos últimos dias, o candidato da Iniciativa Liberal tem falado sobre os eleitores zangados e desiludidos com o sistema, e responsabilizando as forças democráticas por terem contribuído para o divórcio entre eleitos e eleitores. Desta vez, à noite, num jatar-comício com algumas dezenas de pessoas em Mirandela, não foi diferente.
O liberal tentou explicar que “uma sociedade democrática é baseada numa relação de confiança entre pessoas” e que é urgente recuperar essa confiança. “Temos demasiados políticos que governam como se soubessem o que é melhor para as pessoas. Esses políticos não confiam nas pessoas”, começou por argumentar Cotrim.
Depois, é preciso recuperar a “confiança nas instituições”. “Temos demasiados políticos com medo de reformar o Estado porque sabem que reformar o Estado é tirar-lhes poder. Eles não querem acabar com o compadrio, a burocraia e a corrupção. Mas a IL sim.”
Em terceiro lugar, argumentou Cotrim, é preciso recuperar a “confiança nas instituições da sociedade civil, incluindo as empresas”. “Temos demasiados políticos que tratam as empresas com desconfianças. Destilam ódio quando falam em lucro. Esses odeiam o lucro muito mais do que gostam das pessoas.”
“Precisamos de otimismo e competência. Só conseguimos conquistar as pessoas a trabalhar”, continuou Cotrim. “A dizer aquilo que se faz e fazer aquilo que se diz. [A incutir a ideia de que] ser livre implica ser responsável. E a proteger. Sem existir uma proteção de base, sem paz, é difícil desfrutar da liberdade”, sublinhou o candidato da IL.
“É preciso gritar menos e trabalhar mais. Para dizer barbaridades, não é preciso coragem; é só preciso a lata e a falta de vergonha na cara. Coragem é olhar para os problemas dos outros, é questionar os interesses instalados que ainda existem um pouco por toda Europa, é apresentar propostas arrojadas e competências para fazer propostas que mudam mesmo Portugal e a Europa. A IL não está cá esta para protestar; está cá para trabalhar”, rematou João Cotrim Figueiredo.