O Sindicato dos Jornalistas (SJ) escreveu esta quinta-feira uma carta aberta à Global Media, manifestando consternação face aos recibos verdes que estão sem receber e instando a administração a demitir-se caso não tenha soluções para os problemas.
“É com grande apreensão e consternação que a direção do Sindicato dos Jornalistas redige esta carta aberta, por sentir que não há linhas de comunicação com a empresa, após repetidas promessas não cumpridas”, começa a estrutura sindical numa carta aberta ao grupo de media que está online no site do SJ.
Sindicato dos Jornalistas acusa Global Media de falhar pagamentos apesar de ter dinheiro
“Ao dia 7 de junho, dezenas de trabalhadores a recibos verdes continuam sem receber o vencimento correspondente aos trabalhos realizados em março, uma situação que está a levar várias pessoas ao desespero e à desesperança” e o momento “é tão mais grave porque dezenas de outros trabalhadores receberam os montantes correspondentes ao mesmo período de tempo, os trabalhadores do quadro têm o salário em dia e alguns até receberam o subsídio de Natal, em atraso para a maioria” na Global Media (GMG), aponta o SJ.
Trata-se de “uma situação desumana, que está a deixar pessoas à fome, que está a corroer a vida de dezenas de jornalistas e que não pode durar mais uma hora, quanto mais um dia, ou mês, uma vez que a administração admite apenas regularizar os pagamentos em atraso quando finalizar o negócio de venda do JN, TSF, O Jogo e várias revistas à empresa Notícias Ilimitadas”, prossegue.
E também é desumano deixar os trabalhadores à mercê de um totoloto da subsistência, pois a ideia de ir pagando à medida que entra dinheiro deixa todos ansiosos. Duplamente, entre alívio de ver finalmente a lei ser cumprida e a tristeza de ter amigos e camaradas sem receber ou a tristeza de continuar à espera do dinheiro que lhe é devido e a alegria de ver amigos e camaradas a receber”, enfatiza o SJ.
O Sindicato dos Jornalistas critica ainda a “discricionariedade destes pagamentos”, referindo parecer “muito mais uma forma de tortura” do que “uma atabalhoada e triste forma de resolver um problema gravíssimo que está a destruir a vida de muitas pessoas”.
Até porque alguns dos trabalhadores que “continuam com azar têm processos de integração a correr na ACT [Autoridade para as Condições de Trabalho]”, recorda.
“Tanto mais grave quando a administração de Vítor Coutinho admitiu, recentemente, ter recebido uma verba da NI [Notícias Ilimitada] para salários, tendo deixado de fora alguns dos mais desfavorecidos”, denuncia o SJ.
Face à “incapacidade demonstrada pela atual administração, parece-nos que se não têm soluções para os problemas ou respeito pelas pessoas só têm um caminho: demitir-se”, remata a direção do Sindicato dos Jornalistas.
Em 5 de junho, a Autoridade da Concorrência (AdC) divulgou a sua deliberação sobre a compra de títulos da GMG pela NI, referindo que esta operação não constituía uma operação de concentração, depois da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) ter dado luz verde.
A operação inclui marcas como o Jornal de Notícias (JN), Jornal de Notícias História e os sites NTV e Delas, Notícias Magazine, o desportivo O Jogo, Volta ao Mundo e Evasões.
Em 29 de abril, a Notícias Ilimitadas tinha notificado a AdC da operação.
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