O antigo secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales ter-se-à reunido com um assessor do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um dia antes do então governante se encontrar com Nuno Rebelo de Sousa para falar sobre o caso das gémeas brasileiras com atrofia muscular espinhal tratadas com o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria, revela uma investigação da TVI esta sexta-feira.

Mário Pinto, o dito antigo assessor para a saúde de Belém que se terá reunido com Lacerda Sales, confirma a reunião, mas garante que nunca falou com o antigo secretário de Estado sobre as gémeas. “O Dr. Sales pode dizer o que quiser, mas comigo não falámos nunca, nem do filho do Marcelo, nem das gémeas”, disse à estação de Queluz, acrescentando que só teve conhecimento do caso através da comunicação social, em novembro.

Avança a TVI que a confirmação desta reunião está escrita pelo próprio Lacerda Sales numa resposta à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). As respostas falarão de forma específica da reunião com o assessor de Belém para os assuntos de saúde, Mário Pinto, um dia antes da reunião com Nuno Rebelo de Sousa.

Quando questionado por escrito pela IGAS se foi “contactado pela Casa Civil da Presidência da República no âmbito” do caso das gémeas, Lacerda Sales respondeu: “Não posso precisar quanto a este âmbito ou situação em concreto, no entanto, existiram várias reuniões com o adjunto para a saúde da Casa Civil, atinentes a múltiplos assuntos da área da saúde, tendo a primeira ocorrido a 6 de novembro de 2019”, ou seja, um dia antes do encontro com o filho de Marcelo.

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Caso das gémeas. Lacerda Sales constituído arguido por abuso de poder. Ministério da Saúde e Hospital de Santa Maria alvo de buscas

O ex-secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, foi alvo de buscas no início da semana e constituído arguido por abuso de poder, burla qualificada e prevaricação.

O caso das gémeas remonta a 2020, tendo levantado a polémica da influência exercida pelo Presidente da República e da interferência do ex-secretário de Estado para que as duas gémeas residentes no Brasil, que adquiriram nacionalidade portuguesa em tempo recorde, tivessem tratamento preferencial e recebessem o Zolgensma, com um custo total de quatro milhões de euros, para a atrofia muscular espinal.