Pouco depois do final do jogo 3, resolvido de vez no último minuto com dois golos que sentenciaram aquele que foi o resultado mais desnivelado em clássicos esta temporada (ainda que a história do encontro não fosse aquela que surgia no ficha de jogo), o FC Porto apressou-se a dar conta da venda de bilhetes para o jogo 4 no Pavilhão João Rocha, em Lisboa. Um pouco à semelhança do que aconteceu na partida decisiva da Liga de andebol frente ao Sporting, os responsáveis dos azuis e brancos queriam ver a bancada destinada aos adeptos visitantes o mais cheia possível para tentarem contrariar aquilo que tem feito regra esta temporada no hóquei em patins: o fator casa. E, com os dragões na frente por 2-1, os leões jogavam sem margem de erro.

“Há dois fatores importantes que serão decisivos. O primeiro é o público: jogar num bom ambiente favorece a equipa da casa e temos de aproveitá-lo. O segundo é entrar da mesma forma que entrámos na quinta-feira, com uma defesa alta, a ser agressivos e com ataques diretos. Temos de aprender com as lições dos jogos anteriores para tentar o tudo por tudo e seguir a mesma receita apresentada na quinta-feira porque foi com ela que nos sagrámos campeões europeus e que trabalhámos nos últimos dois anos. Se assim for, temos argumentos suficientes para ganhar o jogo”, destacara Alejandro Domínguez, treinador do Sporting.

“O que mudou em relação ao primeiro jogo foi a concretização das oportunidades. Acho que no jogo 2 também criámos bastantes oportunidades mas não conseguimos concretizar. No jogo 3 foi totalmente diferente, pois concretizámos o que criámos e isso foi importante no desenrolar do jogo. Também soubemos controlar as transições ofensivas do Sporting. Era muito importante fechar já a eliminatória. Não queremos desperdiçar essa oportunidade. Temos de entrar em pista com a atitude e a mentalidade certas, competir ao máximo e jogar para ganhar”, frisara também Diogo Barata, jogador mais novo do plantel do FC Porto.

As receitas estavam dadas, sendo que aquilo que faltava perceber era se imperava a regra ou se o conjunto azul e branco encontrava um antídoto para criar uma exceção. Esta temporada, o Sporting não tinha perdido em casa com o FC Porto (embora tivesse um empate ainda na fase regular), da mesma forma como o FC Porto não tinha perdido em casa com o Sporting (a meia-final da Liga Europeia foi no Pavilhão Rosa Mota, que recebeu a Final Four). Era preciso recuar a 2022 para se encontrar um triunfo portista fora em clássicos, sendo que até esse encontro ainda na fase regular do Campeonato de 2021/22 foi único de 2016 até aqui. Agora, confirmou-se a regra: quem joga em casa e quem marca primeiro ganha sempre.

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O encontro começou com duas grandes defesas de Ângelo Girão que evitaram esse golo madrugador do FC Porto e foi mesmo o Sporting que inaugurou o marcador, com Nolito Romero irrepreensível na marcação de uma grande penalidade para o 1-0 (6′). Os leões ganhavam o aditivo suplementar para se soltarem no ringue, com Alessandro Verona e de novo Romero a ameaçarem o segundo nos minutos seguintes aproveitando o “empurrão” que o Pavilhão João Rocha tentava dar à equipa. Os dragões não tinham entrado mal mas foram acusando o ambiente e a desvantagem, deixando de jogar de forma tão solta no ataque e sofrendo o 2-0 por Rafa Bessa, num grande trabalho individual descaído sobre a esquerda antes do remate cruzado (16′).

Entre algumas ações individuais de Gonçalo Alves, que tentava fazer sozinho o que o coletivo deixara de ir conseguindo fazer, era o Sporting que assumia o controlo da partida entre boas oportunidades desperdiçadas de Toni Pérez e Matías Platero e nem mesmo uma paragem técnica de Ricardo Ares mudou o rumo do jogo, com João Souto a intercetar um passe de Hélder Nunes ainda na sua meia pista para combinar com Nolito Romero antes de finalizar à boca da baliza de Xavi Malián (23′). Só mesmo nos derradeiros segundos antes do intervalo o FC Porto conseguiu marcar, com Gonçalo Alves a ganhar bem a frente a Rafa Bessa pela direita antes de conseguir colocar por baixo de Girão e reduzir a desvantagem para 3-1 quase a terminar.

Esse momento acabou por ser importante no desenrolar do segundo tempo, tendo em conta que um golo do FC Porto deixaria tudo em aberto pela margem mínima. Foi isso que aconteceu numa situação 3×3, com Di Benedetto a encontrar bem Rafa para o 3-2 (33′). Eram minutos importantes no encontro, eram minutos em que o talento individual também ajudaria a resolver o encontro. Ferran Font disse presente: numa jogada em que percorreu toda a pista com bola controlada, o espanhol picou a bola por cima do ombro de Xavi Malián e fez o 4-2, serenando a equipa verde e branca apesar da nove faltas com que ficou contra apenas três dos azuis e brancos e permitindo a gestão da vantagem com Girão a brilhar nos últimos minutos.