A mulher que foi atropelada pelo ex-namorado no início deste mês de junho, em São Mamede Infesta, tinha apresentado uma queixa na PSP no dia 24 de maio, poucos dias antes da sua morte. Essa queixa resultou, no entanto, numa classificação de vítima de “baixo risco”, a avança esta segunda-feira o Correio da Manhã. E, apesar das queixas, a Justiça só atribuiu um botão de pânico a esta mulher no dia em que morreu.
Na queixa apresentada na esquadra do Bom Pastor, o agente da PSP escreveu que a vítima informou “que o teor dos emails é ameaçador, em virtude de o denunciado proferir por diversas vezes que ela irá ser sempre dele“. Em causa estavam os vários emails que esta mulher, que tinha ficado noiva de outro homem, recebia do antigo namorado — este homem já tinha sido condenado pelo homicídio da ex-namorada em 2009 e estava em liberdade condicional.
Antes de ter sido apresentada a queixa pela própria vítima na esquadra da PSP, também uma responsável da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) enviou uma denúncia para o DIAP do Porto. Aliás, a denúncia para o Ministério Público foi feita um dia antes de a vítima ter ido à esquadra da PSP.
A responsável da AIMA referia que a mulher venezuelana estava a ser perseguida pelo ex-namorado, que já tinha mudado de número de telefone e alterado as passwords das contas de email, mas o antigo namorado não desaparecia.
“Sente-se em perigo. Teve um email que foi colocado no lixo sem ter sido ela a pô-lo, o que a deixou mais alerta e preocupada com o que poderá acontecer”, descreveu a responsável da AIMA na denúncia feita e divulgada pelo Correio da Manhã.
Apesar das duas queixas que entraram no DIAP do Porto, o Ministério Público só determinou a aplicação de um botão de pânico — utilizado pelas vítimas de violência doméstica — no dia em que a mulher morreu, 12 dias depois.