São conhecidos como os Bonnie & Clyde portugueses — pelo rasto de assaltos, homicídios e fugas — e estão agora acusados pelo Ministério Público de três crimes de homicídio, cometidos em Bragança, há dois anos. Sidney Martins e Nélida Guerreiro já foram julgados por um homicídio em 2018 no Algarve, o tribunal optou pela absolvição, mas o casal voltou para a prisão e será novamente julgado.

Em 2022, uma mulher de 65 anos foi esfaqueada até à morte na sua própria casa. O marido, que a ouviu gritar, ainda tentou ajudá-la, mas acabou por ser atingido também pela faca que Sidney Martins tinha consigo, ficando com alguns ferimentos. Sobreviveu, mas não por muito tempo. Nove dias depois, o homem de 69 anos e o seu filho foram encontrados mortos, também em casa e com sinais de violência. E só foram encontrados, porque a casa foi incendiada e os bombeiros foram chamados para combater um incêndio. O filho, acreditava a Polícia Judiciária já na altura e confirma agora o Ministério Público, vendia droga, teria uma relação amorosa com Nélida Guerreiro e o casal agora acusado de homicídio queria assaltar a casa.

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Segundo a nota do Ministério Público da comarca de Bragança, Sidney Martins está acusado de triplo homicídio — mãe, pai e filho — e Nélida Guerreiro está acusada de duplo homicídio — pai e filho. Mas não são os únicos crimes pelos quais terão de responder em tribunal: dois crimes de profanação de cadáver na forma tentada, um crime de incêndio e um crime de furto qualificado na forma tentada. “Ambos os arguidos eram consumidores de produtos estupefacientes”, acrescenta.

Dois anos depois destes crimes, os procuradores do Ministério Público acreditam que existiu “um plano previamente elaborado pelos dois arguidos”, que tinha como objetivo roubar dinheiro e droga da casa daquela família. Sabe-se agora que a mãe morreu vítima de dez facadas na cara, pescoço, tórax e abdómen, que o pai foi vítima de 24 e que ao filho foram dados 17 golpes. “De seguida, com o propósito de ocultarem as provas e de se desfazerem dos dois corpos os arguidos atearam fogo a dois quartos da referida habitação”, defende o MP.

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Mas estes não são os únicos crimes que constam no histórico deste casal. E nem todos terão sido cometidos em Portugal. O primeiro registo criminal de Sidney Martins e Nélida Guerreiro tem data de 2018, com um julgamento por homicídio em S. Brás de Alportel, num crime cujos contornos eram muito semelhantes aos descrito na acusação agora deduzida.

Com a absolvição, o casal rumou até Bragança e quatro anos depois da primeira acusação, voltavam a ser suspeitos de homicídio — agora de uma família de três pessoas. Com as autoridades já em alerta, Sidney Martins e Nélida Guerreiro voltaram para o Sul e somaram vários assaltos a postos de combustível, sempre com recurso a armas. E nunca esconderam a cara.

E nem Espanha escapou aos assaltos: são conhecidos pelo menos quatro assaltos, também em bombas de gasolina. Num dos assaltos, as autoridades espanholas chegaram a utilizar as redes sociais para pedir ajuda, tendo publicado uma fotografia do casal, com recurso a imagens retiradas dos vídeos de vigilância.