A composição do Grupo B fazia com que o primeiro jogo, entre a Espanha e a Croácia, fosse praticamente crucial. Com Itália e Albânia também ao barulho, espanhóis e croatas sabiam que uma eventual derrota este sábado em Berlim poderia complicar as contas do apuramento para os oitavos de final. Logo, entre uma bicampeã europeia recente e uma vice-campeã mundial recente, tornava-se imperativo ganhar.

Luis de la Fuente até surpreendeu no onze inicial, lançando Lamine Yamal e Nico Williams no apoio a Morata e Cucurella na ala esquerda da defesa, em detrimento de Grimaldo. Do outro lado, Zlatko Dalić mantinha a matriz habitual e não abdicava dos mais experientes, apostando na titularidade de Modric, Brozovic e Kovacic. Pelo meio, Yamal tornava-se o mais novo de sempre a participar em Campeonatos da Europa, ultrapassando o polaco Kacper Kozłowski, com apenas 16 anos e 338 dias.

O jogo começou morno, com Espanha a dominar inicialmente e a Croácia a responder a partir dos 20 minutos, mas sem grandes aproximações às balizas. As equipas estudavam-se mutuamente, com estratégias muito táticas e calculistas, e os espaços eram raros e apertados. Perto da meia-hora, porém, tudo foi desbloqueado: os centrais croatas desalinharam-se, Fabián Ruiz recebeu de Pedri no corredor central e soltou Morata, que isolado e na cara de Livakovic não falhou (29′).

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Os espanhóis aumentaram a vantagem logo depois, com o mesmo Fabián Ruiz a atirar cruzado já na área depois de ultrapassar dois adversários (32′), a reação croata fez-se através de oportunidades de Majer e Budimir, mas sem consequências práticas. Já em cima do intervalo, Carvajal aproveitou um cruzamento perfeito de Yamal na direita e desviou na pequena área (45+2′) para levar Espanha a vencer a Croácia ao intervalo por três golos de diferença.

Nenhum dos selecionadores fez alterações ao intervalo e o jogo foi adquirindo características mais físicas e intensas, com muitos duelos e mais faltas. A Croácia não tinha propriamente capacidade para responder à desvantagem expressiva e Espanha conseguia controlar as ocorrências, com Zlatko Dalić a mexer pela primeira vez ainda antes da hora de jogo com a entrada de Perisic.

Até ao fim, na sequência de um erro colossal de Unai Simón, Rodri fez falta sobre Petkovic e o árbitro da partida assinalou grande penalidade: o avançado permitiu a defesa do guarda-redes na conversão, marcou na recarga, mas viu o golo anulado por fora de jogo. Luis de la Fuente ainda fez as cinco substituições e Espanha venceu a Croácia em Berlim. Os espanhóis deram um passo de gigante rumo ao apuramento para os oitavos de final do Euro 2024, enquanto que os croatas complicaram a própria vida num Grupo B que também conta com Itália e Albânia.

A pérola

De forma obrigatória, Lamine Yamal. Quando foi anunciado o onze inicial de Luis de la Fuente, tornou-se oficial que o jogador do Barcelona iria tornar-se o mais novo de sempre a participar num Campeonato da Europa, com 16 anos e 338 dias. Dentro de campo, assistiu Dani Carvajal para o terceiro golo de Espanha e comprovou repetidamente que tem tudo para ser uma das figuras do Euro 2024.

O joker

Fabián Ruiz. O médio do PSG, formado no Betis e com passagem pelo Nápoles, foi o grande responsável pelo desbloqueio que Espanha implementou no jogo a partir da meia-hora e tornou-se essencial para a construção da vitória da equipa de Luis de la Fuente. Tirou o passe perfeito para isolar Morata, que abriu o marcador, e aumentou a vantagem com um remate certeiro depois de deixar vários adversários para trás.

A sentença

Com este resultado e ainda sem que Itália e Albânia tenham jogado, mas partindo do princípio de que os italianos são favoritos contra os albaneses, o destino da Croácia complicou-se. A equipa de Zlatko Dalić caiu com estrondo contra Espanha, não só pela derrota mas também pelos três golos sofridos contra nenhum marcado, e tem agora de derrotar Itália e Albânia se quiser garantir o apuramento para os oitavos de final.

A mentira

Aos 31 anos e apesar de já ter representado Real Madrid, Juventus, Chelsea e Atl. Madrid, Álvaro Morata continua a ser uma espécie de elo mais fraco — mas não é. Com a responsabilidade da braçadeira de capitão, o avançado abriu o marcador num jogo que estava preso e amarrado e deu um exemplo de eficácia, a capacidade que tantas vezes lhe é criticada pela escassez.