O presidente do Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Nuno Banza, defendeu terça-feira em Setúbal que o reconhecimento da Arrábida como Reserva da Biosfera significa uma discriminação positiva e reforça a imagem de qualidade da região.

“Esta candidatura não é só o reconhecimento, ou a procura de um reconhecimento de mais uma figura de proteção”, disse Nuno Banza, salientando que “o reconhecimento da Arrábida como Reserva da Biosfera é um valor acrescentado”, a que se junta a “visibilidade internacional, a integração numa rede de contactos e de intercâmbio com outras áreas congéneres da mesma natureza noutros países espalhados pelo mundo”.

“Era, naturalmente, uma obrigação do ICNF, não só de estar ao lado da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) que aqui liderou a candidatura, como apoiar e participar ativamente neste processo”, acrescentou.

Nuno Banza falava numa conferência de imprensa em que também participaram os presidentes das câmaras municipais de Palmela (Álvaro Amaro), Sesimbra (Francisco Jesus) e Setúbal (André Martins), que, juntamente com o ICNF e a AMRS, prepararam a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, que esta terça-feira foi formalmente submetida à apreciação do Comité Português para o Programa O Homem e a Biosfera.

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Embora não haja apoios financeiros dedicados a territórios classificados como Reserva da Biosfera, o presidente do ICNF considera que a atribuição desta classificação representaria uma “discriminação positiva” da Arrábida  no ranking da avaliação de eventuais candidaturas a diversos programas de financiamento públicos e privados.

Questionados pelos jornalistas sobre o impacto negativo da exploração de inertes na cimenteira da Secil, no Outão, e nas pedreiras de Sesimbra, os promotores da candidatura lembraram que o licenciamento destas atividades não depende do ICNF, da AMRS, nem das três autarquias (Palmela, Sesimbra e Setúbal), mas reconheceram a necessidade de “uma boa recuperação paisagística” daqueles espaços.

O presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus, disse não ter dúvidas de que a cimenteira da Secil já faz uma “boa prática de recuperação” paisagística, realidade que, no futuro, espera ver estendida às pedreiras de Sesimbra.

Na conferência de imprensa realizada no Forte de São Filipe, em Setúbal, o presidente da autarquia sadina, André Martins, que é também o atual presidente da AMRS, lembrou que a candidatura começou a ser preparada em 2016 e que sofreu alguns atrasos devido à pandemia.

André Martins salientou ainda que a candidatura a Reserva da Biosfera é um projeto de uma “visão integrada do desenvolvimento do território da Arrábida”, através de uma harmonização das atividades humanas com a conservação da natureza.

“Nós sabemos que a Arrábida tem interesses de atividades humanas, seja do desporto, da cultura, do lazer e, também, económicas. E o que é fundamental aqui é que haja uma harmonia entre manter essas atividades reguladas com a salvaguarda e a garantia do património natural, dessa riqueza que nos cabe a nós todos preservar” acrescentou o autarca setubalense.

A decisão final sobre a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, que esta terça-feira foi formalmente apresentada ao Comité Português para o Programa da UNESCO O Homem e a Biosfera, deverá ser conhecida em setembro de 2025.