Durante anos, era quase difícil distinguir o Estado italiano da Fiat, tal a dimensão deste construtor da família Agnelli. Quando a economia estava em alta, o fabricante de automóveis recebia todo o tipo de mordomias, mas quando a situação se complicava, a Fiat era chamada a contribuir e a empregar um lote extraordinário de desempregados. Agora, com a Fiat (Alfa Romeo e Lancia) nas mãos da Stellantis e o Governo nas mãos de Giorgia Meloni, a conversa parece ser outra. A mais recente farpa nesta relação surge na forma de um anúncio ao Fiat 500e, sem que o modelo exiba o emblema da marca.

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Como qualquer país, Itália pretende atrair investimento e está particularmente preocupada com o facto de a Fiat deslocar fábricas para outros países europeus, onde a mão-de-obra é mais barata e menos dada a ser manipulada por sindicatos com agendas próprias. E apesar de a marca italiana possuir uma fábrica na Polónia desde 1992, para produzir mais barato modelos como o Panda, Meloni levou muito a peito o facto de a Stellantis passar a produzir nas suas instalações em Marrocos o Fiat Topolino, quadriciclo eléctrico que, tal como o Opel Rocks Electric, tem por base o Citroën Ami.

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Depois do Milano é a vez da bandeira do Fiat Topolino

Ser produzido no Norte de África e ser comercializado em Itália, exibindo a bandeira da Fiat, enervou Meloni. A ponto de a levar a cometer o erro de proibir o Topolino de ser proposto em Itália, no país da Fiat, com uma faixa em representação da bandeira italiana com 1 centímetro de altura e 5 de comprimento. E, para convencer a Stellantis que os Topolino não podem envergar a bandeira italiana vindo de Marrocos, apreende-os no porto até a bandeira desaparecer.

Ups! Alfa Romeo Milano obrigado a mudar de nome

A Stellantis não apreciou a demonstração de poder (excessivo) do Governo italiano, tanto mais que o maior accionista do grupo liderado pelo português Carlos Tavares é a mesma família Agnelli que antes possuía o Grupo Fiat, pelo que resolveu vingar-se de Meloni e responder-lhe à letra. Para tal criou um anúncio em que aparece um Fiat 500e, mas sem o emblema da Fiat. E explica porquê: o emblema é desnecessário, uma vez que todos reconhecem o modelo como um Fiat e como um produto italiano. O mesmo acontece em relação ao Topolino que, mesmo vindo de Marrocos, continua a ser um Fiat e, como tal, de Itália. Curiosamente, o vídeo da Stellantis com o 500e foi rodado em Portugal, numa das mais belas estradas do país, precisamente aquela que dá acesso às praias na costa da Serra da Arrábida.