A Comissão Europeia considera que a Apple está a violar a Lei dos Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês) com as regras que impõe na loja de aplicações App Store. De acordo com as conclusões preliminares do executivo comunitário, a tecnológica norte-americana impede “os programadores de aplicações de encaminhar de forma livre os consumidores para canais alternativos”, o que permitiria escapar às elevadas taxas impostas pela Apple.

Nestas conclusões, a Comissão considera que quem desenvolve aplicações e as quer distribuir através da loja de aplicações da Apple “devia ser livre, de forma gratuita, de informar os clientes de que há alternativas mais baratas” para adquirir aplicações.

Comissão Europeia multa Apple em 1,84 mil milhões de euros por abusos no streaming de música

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Neste momento, “nenhum dos termos de negócio” impostos pela Apple permite aos programadores “disponibilizar informações sobre preços dentro da aplicação” ou comunicar canais alternativos. Além disso, nas situações em que a tecnológica permite os “link-outs“, as ligações alternativas, também existem “várias restrições impostas pela Apple para impedir os programadores de comunicarem, promoverem ofertas ou concluírem contratos [neste caso, transações] através do canal de distribuição que preferirem”. Por exemplo, através de plataformas de apps com comissões mais favoráveis.

Na questão das comissões, um tema quente entre quem desenvolve apps e quem gere as lojas, a Comissão considera que as comissões cobradas pela Apple “vão além do que é estritamente necessário”.

Com estas conclusões, a Apple enfrenta uma multa que pode chegar até 10% do valor de negócios global gerado anualmente ou de até 20% caso haja reincidência de comportamento. Margrethe Vestager, a vice-presidente executiva responsável pela pasta da Concorrência, realça que é um “dia muito importante para a aplicação do DMA” e que a “comunidade de programadores está ansiosa por ofertas alternativas à App Store”, já que a tecnológica “não está totalmente a cumprir” com as obrigações de ligações alternativas para transações.

Apple enfrenta mais uma investigação por Concorrência

Ainda no âmbito da Lei dos Mercados Digitais, a Comissão Europeia anuncia mais uma investigação à Apple, focada na nova estrutura de comissões. Em geral, a Apple cobra 30% de comissão por transação, mas teve de criar alternativas para estar em conformidade com as regras europeias. Em janeiro, revelou uma estrutura com diferentes percentagens de comissão consoante a popularidade da aplicação, que entrou em vigor em março.

Bruxelas quer agora perceber se essa mudança, incluindo o pagamento de uma taxa de 50 cêntimos por cada aplicação instalada, está de acordo com as regras europeias. Também vai analisar o processo de várias etapas que é exigido aos utilizadores quando querem aceder a marketplaces de terceiros ou as regras de acesso que são exigidas aos programadores.

Comissão Europeia investiga Google, Apple e Meta por alegadas violações da Lei dos Mercados Digitais

A Apple, tal como outras tecnológicas de grandes dimensões e com milhões de utilizadores, é considerada uma gatekeeper do âmbito da Lei dos Mercados Digitais. Nesse sentido, tem de agir em conformidade com as regras europeias.

Apple: “Estamos confiantes de que o nosso plano está em conformidade com a lei”

Em reação, a tecnológica Apple garantiu que cumpre a legislação europeia, rejeitando as acusações. “Nos últimos meses, a Apple fez uma série de alterações para cumprir a lei dos mercados digitais […]. Estamos confiantes de que o nosso plano está em conformidade com a lei”, assegurou a empresa, citada pela agência EFE.

A empresa sublinhou ainda que quem distribui aplicações através da App Store, pode usar os recursos da tecnológica, como “a capacidade de redirecionar os utilizadores da aplicação para a ‘web’, de modo a que os consumidores possam concluir as suas compras a preços muito competitivos”.

*Notícia atualizada às 2oh31 com a reação da Apple