A União Europeia já anunciou incrementos provisórios de impostos para os carros fabricados na China e importados para a Europa, que podem variar entre 17,4% e 38,1%, avançando que as taxas definitivas serão anunciadas após 4 de Julho. E estas serão potencialmente mais elevadas para as marcas chinesas que maiores incentivos recebam do Estado, se não estiverem dispostas a abrir mão destas ajudas consideradas ilegais pela Organização Mundial do Comércio (WTO, na sigla em inglês).

É certo que todas as marcas chinesas deverão ser penalizadas por estas taxas — ainda que menos na Europa do que nos EUA, que prometeram elevar de 25% para 100% os impostos à importação de modelos vindos da China —, excepção feita para a BYD através dos veículos que venha a produzir na fábrica húngara que está a construir na Europa, que assim a isenta de taxas. Mas, além dos entraves aos construtores chineses, esta guerra comercial com a China vai provocar igualmente prejuízos importantes às marcas europeias que fabricavam na China, para usufruir de custos de produção mais reduzidos, para depois os comercializarem no mercado europeu.

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De acordo com a Reuters, entre os construtores europeus que correm o risco de ficar com os olhos em bico devido à actual guerra comercial, o destaque vai para a Mini, que produz na fábrica que possui na China fruto da joint venture estabelecida com a chinesa Great Wall Motor (GWM), instalações de onde saem os Cooper a bateria. E esses Mini vão estar sujeitos a um imposto à chegada à Europa de 38,1%, com tendência para subir e não para descer, porque a GWM é uma empresa estatal que, para evitar admitir a fraude nos subsídios, optou por não colaborar com a investigação das autoridades europeias.

Os Mini Cooper E e SE são modelos relativamente acessíveis, com a versão mais barata a ser proposta por 35 mil euros e a SE, a mais potente, a ser comercializada por 38 mil euros. Com a nova taxação, o preço do Cooper E deverá subir de 35 para 48 mil euros, enquanto o Cooper SE saltaria de 38 para 52 mil euros, valores que colocam estes eléctricos completamente fora do mercado. A menos que a Mini esteja disposta a assumir uma parte (muito considerável) do incremento dos custos devido às taxas adicionais, tanto mais que foi exactamente para reduzir o preço dos veículos (e aumentar as margens de lucro) que o Grupo BMW deslocou a fabricação dos eléctricos da Mini para a China, tanto do Cooper como do novo Aceman.

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E se a Mini parece ser quem mais sofre, a realidade é que dentro deste grupo germânico também a BMW fabrica na China o iX3, que exporta para a Europa. Este SUV, proposto actualmente por 77 mil euros, passaria a ser comercializado por 106 mil, a menos que se desse um milagre, que é como quem diz, se a BMW abrisse os cordões à bolsa e reduzisse a margem de lucro.

O CEO do Grupo BMW, Oliver Zipse, defendeu que “o incremento das taxas aos veículos chineses é a estratégia errada”, numa afirmação que pode indiciar alguma preocupação com a perda de competitividade dos seus eléctricos produzidos da China e exportados para o Velho Continente. Contudo, a postura do CEO pode ainda ter a ver com o receio de as eventuais retaliações dos chineses sobre os SUV e as berlinas topo de gama exportados da Alemanha para a China, mercado de que a BMW depende grandemente, à semelhança dos restantes fabricantes premium alemães.