O Bloco de Esquerda questionou esta terça-feira o Governo sobre a interrupção da apresentação de um livro de Mariana Jones pela associação de extrema-direita “Habeas Corpus”, perguntando como tenciona o executivo monitorizar estes grupos.

A pergunta, dirigida ao Ministério da Administração Interna, surge depois de este fim de semana a apresentação do livro O avô Rui, o senhor do Café, da autoria de Mariana Jones, ter sido interrompida na Fnac do NorteShopping, no Porto, por membros da associação de extrema-direita “Habeas Corpus”, contou à Lusa a escritora.

Apresentação de livro de Mariana Jones interrompida por membros da “Habeas Corpus”

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No texto, os bloquistas lembram que este não é um episódio isolado visto que, a 1 de junho, na Feira do Livro de Lisboa, Mariana Jones estava a apresentar este mesmo livro quando foi diretamente interpelada por um membro da “Habeas Corpus” que a apelidou de “promotora da homossexualidade infantil e pedofilia”.

“Não se compreende como é que, perante o histórico de violência desta organização e atendendo a que as ações costumam ser anunciadas nas redes sociais, não são tomadas medidas preventivas por parte das forças de segurança”, defende a bancada bloquista.

Os deputados do BE salientam que “esta circunstância, por um lado fomenta o medo e insegurança na comunidade, por outro legítima a homofobia e o discurso de ódio, criando uma ideia de impunidade de quem leva a cabo ações desta natureza”.

“O discurso de ódio, violento e discriminatório, proferido por esta organização é público e conhecido das autoridades, sendo muitas das ameaças feita publicamente. A monitorização deste tipo de organizações extremistas é um passo necessário para que se possa combater este fenómeno e, consequentemente, prevenir a ocorrência de crimes de ódio”, sustentam os deputados.

Neste contexto, o BE quer saber se o ministério tem conhecimento desta situação e se o grupo “Habeas Corpus” a ser monitorizado pelas forças de segurança.

“Uma vez que já não é a primeira vez que este movimento de extrema-direita e o partido Ergue-te perseguem e ameaçam esta escritora e anunciam as suas ações, por que razão não foram tomadas medidas de segurança preventivas?”, perguntam os bloquistas.

O BE quer saber ainda se a PSP foi chamada ao local, se sim, quanto tempo demorou a chegar, se os elementos que perturbaram a apresentação do livro foram identificados e se não, porquê, e que diligências foram tomadas pela PSP.

“Que medidas irá tomar o Governo para monitorizar a atividade de grupos promotores do discurso de ódio, violento e discriminatório? Que medidas irá tomar o Governo perante a constituição destes grupos?”, lê-se no texto, assinado pelo líder parlamentar, Fabian Figueiredo.