Quase 80% dos assistentes operacionais que trabalham nas escolas sentem-se cansados física e psicologicamente e a quase totalidade (98%) considera o seu salário injusto, conclui um inquérito realizado pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop).
O inquérito realizado pelo Stop aos assistentes operacionais, que contou com 3.369 respostas de assistentes operacionais de mais de 100 municípios portugueses, mostra que quase 80% daqueles profissionais não docentes sentem-se cansados física e psicologicamente ao fim do dia de trabalho, revelou o coordenador nacional do sindicato, André Pestana, numa conferência de imprensa realizada nesta terça-feira em Coimbra.
Cerca de metade (56%) mostram-se insatisfeitos com as suas funções, 87% criticam o modelo de avaliação e um em cada dez dos inquiridos afirmam que já foram colocados temporariamente a desempenhar outras funções no seu município, fora do âmbito escolar.
Um terço dos assistentes operacionais afirma não ter um local apropriado na sua escola para tomar as refeições, com percentagem semelhante a referir já ter tido pelo menos um acidente de trabalho, de acordo com os dados do inquérito disponibilizados pelo Stop.
Dos inquiridos, 13% disseram ainda que já tinham sido vítimas de assédio moral ou laboral por parte de um superior hierárquico e 67% afirmaram sentir-se abandonado pelos municípios.
“Os resultados do inquérito revelam um panorama preocupante da realidade dos assistentes operacionais nas escolas públicas portuguesas”, disse André Pestana, vincando que a profissão “é marcada por baixos níveis de satisfação, condições de trabalho precárias, relações interpessoais conflituosas e falta de reconhecimento”.
Para o dirigente sindical, os profissionais “estão exaustos, desmotivados e frustrados”, considerando que é “urgente” melhorar as suas condições de trabalho.
Na quarta-feira, o Stop terá uma reunião com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação sobre os profissionais não docentes, onde serão também abordadas estas questões associadas aos assistentes operacionais, assim como as reivindicações de todos os outros profissionais, em que o aumento salarial é “uma questão transversal a praticamente todas as pessoas que trabalham nas escolas”.
Para além dessa reunião, haverá uma outra com a tutela, também na quarta-feira, em que o Stop irá defender a revogação do atual decreto-lei que transformou a mobilidade por doença “num concurso”, afirmou André Pestana.
O coordenador do Stop considera que deveria ficar em vigor o anterior decreto-lei relativo à mobilidade por doença, ao mesmo tempo que sejam promovidas negociações para a construção de um novo mecanismo, “atualizado e que, de forma alguma, coloque em questão a dignidade de cada ser humano”.