O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou esta quarta-feira um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita.
A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou esta quarta-feira outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana.
"Scratching the surface". Het werk van Vhils is nu wel klaar voor de inhuldiging morgen woensdag 26 juni om 10u. Denk ik. #autourdelamonnaie #rondomdemunt #vhils #streetart #parcoursstreetart @StadBrussel Naast @deBuren @LaMonnaieDeMunt @Muntpunt @muntpuntcafe e.a. https://t.co/uk00fvzEvH pic.twitter.com/3SzA4DRKdV
— Mie Demin (@miedemin) June 25, 2024
Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária.
Une de plus à Bruxelles ! Le street art est ancré dans la capitale. Une fresque inédite, réalisée par l’artiste portugais VHILS, est une œuvre en bas-relief qui permet de réfléchir aux valeurs ayant guidé la révolution des œillets, pour construire une société plus inclusive. pic.twitter.com/xohSVsdtDT
— Delphine Houba (@DelphineHouba) June 26, 2024
Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural.
O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”.
No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia.
Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países.
“o meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos“, sustentou.
Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com graffiti, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins.
Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários cantos do mundo.
Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e Brasil.