A vitória pela Sérvia, mesmo chegando pela margem mínima, foi sobretudo encarada como um mero sinal de consistência e não trouxe muita impaciência. O empate com a Dinamarca, como mantinha a equipa ainda no primeiro lugar, também não fez soar grandes alarmes. No entanto, a preocupação era latente e como que se multiplicou depois do nulo diante da Eslovénia. Sem saber o que faziam os dinamarqueses com os sérvios, sendo que um golo poderia mudar todas as contas, os ingleses tiveram uma exibição cinzenta, quase sem oportunidades, incapaz de mostrar algo a que os adeptos se agarrassem para pensar que o “Is coming home” faz sentido em 2024. E se na última edição do Europeu houve essa nota de acalmia e estabilidade em torno da equipa, a fase de grupos chegou com um cenário oposto onde acontece de tudo um pouco.

Os muitos antigos internacionais que são hoje comentadores criticaram de forma dura a equipa, Harry Kane, na condição de capitão de equipa, saiu em sua defesa. O avançado do Bayern nem é propriamente alguém de polémicas, longe disso, mas ao recordar o passado dos britânicos na prova que nunca venceram acabou por abrir um novo foco de guerra. “Inglaterra não ganha um título há muito tempo e muitos desses jogadores fizeram parte desse insucesso. Sabem bem o quão difícil é jogar estas competições. Estão a dar a sua opinião mas não se podem esquecer que são figuras conhecidas, que as pessoas ouvem, têm responsabilidade como antigos jogadores”, apontou, visando figuras dos Três Leões como Gary Lineker ou Alan Shearer.

Depois, o ruído com assuntos distintos envolvendo os jogadores. A ausência de nomes como Jack Grealish da convocatória final demorou a ser digerida em termos internos, com alguns pesos pesados a considerarem um erro não estar na Alemanha o avançado do Manchester City, mas quando começou a competição apareceram novos problemas como as experiências de sucesso reduzido de colocar Alexander-Arnold no meio-campo, o posicionamento de Phil Foden (que foi a Inglaterra para o nascimento do terceiro filho mas já regressou) na esquerda ou a envolvência para retirar o melhor de Jude Bellingham, como se viu na ronda inaugural. Esta semana, como os males raramente vêm sós, Anthony Gordon apareceu num treino com feridas no queixo, no nariz, na mão e nos pulsos. Razão? Uma queda quando estava a andar de bicicleta…

Foi neste contexto que ganhou outro peso a presença na Alemanha de Rebekah Jade. Quem é a “doutora Rebekah Jade”? Uma “guru do bem estar” nascida em Londres e que trabalha com a Nike (que fez a ponte para a sua chegada à seleção inglesa), conhecida pela sua parte de médica e instrutora de ioga que faz também sessões como DJ nos tempos livres. Objetivo? Literalmente, melhorar o ambiente nos Três Leões.

Foram saindo nos meios ingleses várias notícias sobre o tipo de atividades feitos pelo plantel no centro de estágio ao longo da fase de grupos. Houve inicialmente aquela experiência numa câmara quente a uma temperatura de 37 graus com cheiro a lavanda, depois exercícios de ioga com frases motivacionais para elevar moral das tropas, agora na sequência do empate sem golos com a Eslovénia uma sessão no jardim, para aproveitar ao ar livre, com novos exercícios de ioga. Se aquela solução que se tornou mais mediática quando Kieran Trippier caiu no relvado com cãibras frente à Sérvia mas aguentou até ao final com potássio, água, vinagre e sal já era vista como algo “diferente”, o trabalho de Rebekah Jade levanta as suas dúvidas.

Até agora, a única coisa que não mudou mesmo foi o rendimento da equipa, que chegava aos oitavos numa fase sempre em decréscimo (esteve pior com a Dinamarca do que com a Sérvia, esteve pior com a Eslovénia do que com a Dinamarca) e com números incompreensíveis para quem goza de tanto talento do meio-campo para a frente. Um exemplo prático: Phil Foden fez mais passes nos primeiros três jogos ao guarda-redes Jordan Pickford do que à referência ofensiva Harry Kane (3-1). E é neste contexto que chega o duelo nos oitavos com a Eslováquia, num momento em que um deslize significa a eliminação da prova.

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