Maria Grazia Davino é a responsável pela Stellantis no Reino Unido (RU) e, sem papas na língua, foi ela que acusou o Governo britânico de estar a abusar das medidas de controlo à produção de veículos, que as marcas não conseguem vender por falta de procura. Garante Davino que o grupo automóvel liderado pelo português Carlos Tavares não pretende retirar as suas instalações fabris do país, mas não aceita ter que fabricar carros com motores que os clientes não querem.

A Stellantis opera actualmente as fábricas de Ellesmere Port, de onde saem os furgões eléctricos, e de Luton, que ainda só fabrica versões a gasolina, mas que passará a produzir igualmente versões a bateria em 2025. As instalações do grupo em solo britânico fabricam modelos da Vauxhall, Opel, Peugeot, Citroën e Fiat. Agora, numa altura em que se aproxima uma mudança no Governo local, com eleições legislativas agendadas para 4 de Julho, a Stellantis quer chamar a atenção para o facto de garantidamente se manter no RU, a comercializar e a assistir veículos, mas não garante que as linhas de produção lá existentes continuem a operar.

De acordo com a actual regulamentação, os construtores estão obrigados a vender cada vez mais veículos eléctricos. Mas, como Carlos Tavares já avançou, o volume agora exigido ronda o dobro do que os condutores britânicos estão na disposição de adquirir. Os furgões comerciais que as diferentes marcas da Stellantis produzem no RU têm de atingir uma percentagem de 22% de veículos eléctricos, volume impossível de atingir. Contudo, esta falta de clientes para carros a bateria não exime o construtor de pagar multas pesadas por falhar os objetivos impostos pelo Governo.

Davino tentou explicar aos políticos britânicos que, a manter-se esta obrigação de produzir furgões eléctricos para os quais não há clientes suficientes, a Stellantis tem de encontrar outras soluções. E estas passam por um sistema de ajudas ao nível do IVA local, para incentivar a aquisição de modelos eléctricos, ou por encerrar as fábricas e passar a importar os furgões com motor a combustão de outros países europeus.

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