A República Centro-Africana (RCA) está classificada como sendo o país mais propenso a crises humanitárias e catástrofes, lamentou esta terça-feira em Genebra, Suíça, a representante da Unicef no país africano, Meritxell Relaño Arana.

“A RCA detém agora a trágica distinção de estar classificada em primeiro lugar, entre 191 países, como sendo a nação com o maior risco de crises humanitárias e catástrofes. Este terrível estatuto sublinha os desafios graves e urgentes com que se confrontam os seus cidadãos mais jovens”, declarou a representante do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na RCA.

Segundo Arana, são três milhões os jovens que enfrentam “o nível mais elevado de crises e privações no mundo”, numa conjuntura de um conflito que dura há dez anos.

A responsável partilhou ainda que uma em cada duas crianças não tem acesso a serviços de saúde; cerca de apenas um terço (37%) das crianças frequenta a escola regularmente; quase duas em cada três (61%) mulheres jovens casaram-se antes dos 18 anos e quase 40% das crianças do país sofrem de malnutrição crónica.

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“As instituições enfraquecidas e a constante ameaça de violência agravam os múltiplos riscos para os direitos das crianças”, alertou.

“O facto de a crise na RCA se ter prolongado por tantos anos – e de, infelizmente, tantas outras crises mundiais continuarem a desenrolar-se em paralelo – significa que as crianças da RCA tornaram-se dolorosamente invisíveis. Mas a sua dor e perda são profundamente evidentes”, lamentou.

Todavia, o novo Plano de Desenvolvimento Nacional do Governo da RCA, “juntamente com outros compromissos importantes para melhorar os direitos das crianças, significa que a UNICEF e os seus parceiros dispõem de um mecanismo viável para promover uma mudança de rumo”, declarou.

“No meio deste raro momento de oportunidade [o plano governamental], o maior risco é que os defensores em que estas crianças confiam – doadores internacionais, meios de comunicação globais e um público informado – possam virar as costas e desviar o olhar face a crises globais simultâneas”, alertou.