O número de colónias de abutre-preto conhecidas em Portugal aumentou de quatro para cinco, graças à descoberta de um novo grupo desta espécie de aves numa herdade localizada no concelho de Vidigueira (Beja), anunciou esta quarta-feira o ICNF.
Em comunicado, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revelou ter identificado esta nova colónia de abutres-pretos (Aegypius monachus), constituída por 10 indivíduos adultos, na Herdade do Monte da Ribeira, naquele concelho alentejano.
“Estima-se que esta colónia seja constituída por quatro ou cinco casais reprodutores, embora só tenham sido observados quatro ninhos”, disse o mesmo organismo.
A nova colónia de abutre-preto nidificante no Alentejo foi encontrada no âmbito de ações de monitorização realizadas pelo ICNF, pode ler-se no comunicado.
“A colónia foi identificada em plena época de reprodução, período especialmente sensível para esta espécie, existindo reprodução comprovada em pelo menos um dos ninhos, no qual foi possível observar um indivíduo juvenil já emplumado”, realçou o ICNF.
A época de reprodução desta espécie ocorre entre fevereiro e agosto e cada casal produz um ovo por ano.
A Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo já “encetou os procedimentos necessários para monitorizar e salvaguardar esta colónia, em colaboração com os proprietários da Herdade do Monte da Ribeira”.
O abutre-preto é uma ave necrófaga e tem estatuto “Criticamente em Perigo” em Portugal, sendo igualmente considerada de interesse comunitário e prioritária no contexto da Diretiva Aves.
“Após mais de meio século de declínio demográfico e ausência como nidificante no país, o abutre-preto restabeleceu a condição de nidificante em Portugal em 2010, com várias pequenas colónias”, lembrou o ICNF.
Em território português, a maioria das colónias conhecidas desta espécie, que é “a maior ave de rapina da Europa”, podendo atingir os três metros de envergadura de asa, situa-se em áreas protegidas, como o Parque Natural do Tejo Internacional, a Serra da Malcata e o Parque Natural do Douro Internacional.
“Mais recentemente, em 2019, surgiu uma nova colónia” localizada na Herdade da Contenda, em Moura (Beja), a qual “conta, atualmente, com 11 casais”, precisou o ICNF.
Agora, com esta nova colónia no Alentejo, destacou, “passa para cinco o número de colónias conhecidas de abutre-preto no país”.
No comunicado, o ICNF indicou que tem vindo a apoiar a conservação da população nacional de abutre-preto em Portugal.
“De 2022 a 2027, o projeto ‘Aegypius return — Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha’, que tem a colaboração do ICNF, conta com o co-financiamento do instrumento financeiro europeu LIFE, com vista a melhorar e acelerar a recolonização natural em curso da espécie”, pode ler-se.