Uma exposição com meia centena de peças raras do património histórico e artístico das irmandades de Mafra é inaugurada no domingo no palácio para assinalar os cinco anos da inscrição do monumento no património mundial da UNESCO.

A exposição “AD GLORIAM DEI. Do património histórico e artístico das irmandades de Mafra”, dá a conhecer a história, os bens artísticos mais importantes e a atividade das irmandades da Paróquia de Mafra, pondo em evidência a Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra [RVISSM], a mais antiga em atividade e herdeira de todas as restantes já extintas.

“Ao longo dos núcleos da exposição o fio condutor será a RVISSM, naturalmente integrada no contexto das outras irmandades de Mafra, da qual se constitui como principal herdeira, enquanto entidade detentora de uma história ímpar, tutela de um património artístico de relevo e, sobretudo, enquanto fiel depositária de uma vivência religiosa, expressão de manifestações de devoção centenárias que tecem entre a Irmandade e a comunidade uma malha indissociável e indelével”, explicou a historiadora de arte Teresa Leonor Vale, comissária científica da exposição, citada em nota de imprensa.

Parte dos bens expostos pode ser “apenas admirada em contexto funcional, nos usos processionais ou litúrgicos” e outros estavam “em reserva e inacessíveis”.

No núcleo de prataria e ourivesaria, destaca-se a cruz processional medieval de Santo André de Mafra, a urna de prata usada em Quinta-feira Santa, uma cruz com a relíquia do Santo Lenho, oferecida pelo rei José I, ou o sol do Apocalipse, peça única dentro do seu género a nível nacional.

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Nos têxteis, a exposição integra a camisa da sagração de Luís XV de França, usada cerimonialmente na escultura de São Luís e alguns dos paramentos do reinado de João V, usados nas celebrações litúrgicas na Real Basílica de Mafra.

Entre as esculturas, constam a grande cruz de Penitência da Ordem Terceira oferecida por João V, e o andor do “Monte Alverne” com a representação de São Francisco recebendo os estigmas frente à aparição de Cristo crucificado, uma escultura do genovês Anton Maria Maragliano.

A mostra dá ainda a conhecer pinturas de oficinas italianas e um conjunto iconográfico restaurado de santos devocionais franciscanos, do segundo quartel do século XVIII, bem como a coroa e o vestido bordado a ouro, usados na cerimónia da coroação pontifícia da imagem de Nossa Senhora da Soledade, ocorrida em setembro de 2023.

A exposição é organizada pelo Município de Mafra, pela Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra e pelo Palácio Nacional de Mafra, por ocasião do quinto aniversário da inscrição do monumento no património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).

A mostra está patente até maio de 2025 na Galeria Municipal do torreão sul do monumento e é de entrada livre.