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O crítico do Kremlin Vladmir Kara-Murza, preso há mais de um ano acusado de publicar “informações falsas” sobre o exército russo, foi internado num hospital prisão na Sibéria, onde os advogados ainda não o conseguiram contactar. A denúncia foi feita esta sexta-feira pela mulher de Kara-Murza, através de uma publicação no Facebook.
“Os advogados, que chegaram à [colónia penal] IC-6 de Moscovo e esperavam uma reunião desde as 8h30, foram informados [do internamento] após mais de cinco horas de espera”, relata Evgenia Kara-Murza. Os advogados dirigiram-se então para o hospital na região de Omsk, 2700 quilómetros a leste da capital russa. Na manhã desta sexta-feira, foram informados que Kara-Murza não podia receber visitas, pois ainda não tinha recebido alta, informação que se manteve inalterada até ao final de sexta-feira.
Uma vez que os hospitais das penitenciárias não aceitam visitas durante os fins de semana, a falta de notícias sobre o estado de saúde do opositor russo vai manter-se pelo menos até segunda-feira, acrescenta Evgenia.
Esta é a terceira vez que o crítico de Putin, de 42 anos, é hospitalizado. Kara-Murza já foi internado por duas vezes por envenenamento, incidentes pelos quais a oposição responsabiliza o Kremlin, comparando o seu caso ao de Alexei Navalny.
Devido aos dois envenenamentos, Kara-Murza sofre de uma neuropatia, ou seja, os seus nervos estão danificados e a sua saúde bastante debilitada. A preocupação pelo seu estado de saúde já tinha sido expressa pela defesa em tribunal, no ano passado. O Reino Unido chegou a apelar à sua libertação imediata, para que recebesse cuidados de saúde, uma vez que Kara-Murza tem cidadania britânica. O pedido foi negado pelo Supremo Tribunal da Rússia.
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Vladimir Kara-Murza foi condenado a 25 anos de prisão em abril de 2023, por ter divulgado “informações falsas” sobre o exército russo e a sua ação na Ucrânia desde o início da guerra. As críticas foram consideradas “traição” pelo tribunal russo. Antes de ser transferido para o hospital prisão, estava a cumprir a pena numa colónia penal de alta-segurança, também na região de Omsk, na Sibéria.
Até à sua detenção, em abril de 2022, manteve uma coluna de opinião no The Washington Post, onde criticava abertamente o regime de Vladimir Putin e, desde fevereiro de 2022, os seus “crimes na Ucrânia”.