A crise aperta no interior da Porsche, com o valor das acções a cair e cada vez menos clientes interessados em comprar o Taycan, modelo que chegou a figurar entre os que mais crescia e mais vendia, batendo os desportivos 718 Cayman e Boxster, além do Panamera, aproximando-se do mítico 911. Mas os tempos mudam e tanto na China como na Europa e nos EUA, os clientes perderam grande parte do entusiasmo pela berlina eléctrica, para o que também contribuiu a retirada dos incentivos à aquisição de veículos eléctricos pelo Governo alemão.
Esta preocupante situação já levou o preço das acções da marca na bolsa de Frankfurt a cair 35% nos últimos 12 meses, o que representa uma forte redução no valor da Porsche, e colocou o construtor alemão perante a necessidade de reduzir o preço do Taycan, para relançar as vendas, ou reduzir o volume de produção para a adaptar à procura — o que só por si tende a aumentar o preço de fabricação de cada unidade e, com isso, baixa as margens de lucro. A Porsche optou por esta última estratégia, de acordo com a imprensa alemã, o que tradicionalmente deixa o mercado bolsista e os clientes nervosos.
Segundo a imprensa germânica, a Porsche vai reduzir em cerca de 50% a capacidade de produção da fábrica de Zuffenhausen, onde o Taycan é produzido. Passa de dois turnos para apenas um e despede os empregados com contratos a prazo, continuando contudo as negociações com os representantes dos trabalhadores, o que alimenta a possibilidade de realizar cortes adicionais. O Taycan, que surgiu no mercado em 2019, vendeu 41.296 unidades em 2021, mas a procura caiu para 34.801 veículos em 2022 e 40.629 em 2023. A situação agudizou-se este ano, com as vendas do modelo a caírem 54% nos primeiros três meses de 2024, apesar da marca ter introduzido um restyling da berlina que muito a favoreceu, sobretudo ao nível da bateria, para incrementar a anterior autonomia.
Os anunciados cortes na produção, avançados por publicações germânicas como o Stuggarter Zeitung, indiciam que a marca não acredita poder reverter facilmente a actual realidade. E há ainda uma questão de imagem, pois para além de ser cada vez mais um fabricante de SUV, altos e pesados, em vez de desportivos ágeis e ligeiros, o Taycan nunca conseguiu fazer frente ao Model S Plaid em potência e rapidez. E vem aí uma legião de desportivos chineses que prometem igualmente deixar para trás o Taycan alemão.