Álvaro Morata é o eterno mal amado do futebol espanhol. Internacional desde 2014, sucedeu à geração de Xavi, Iniesta e companhia que conquistou dois Europeus e um Mundial e é a cara do pós-tudo isso que ainda não conseguiu repetir os mesmos feitos. Pelo meio, com os saltos entre Real Madrid e Atl. Madrid, nunca se assumiu como herói para ninguém e parece ser um vilão para todos.

Ainda assim, no Euro 2024 que está a decorrer e onde tem tido a responsabilidade da braçadeira de capitão, Morata tem sido indiscutível para Luis de la Fuente. O avançado foi recentemente associado a uma ida para a Arábia Saudita, particularmente para o Al Qadsiah que já garantiu a contratação de Nacho ao Real Madrid, mas afastou o cenário nas redes sociais.

Os golos falhados, os assobios, as ameaças à família, o apoio psicológico, o golo: a semana que Morata não vai esquecer

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“Não consigo imaginar o que é ganhar com esta camisola e não vou parar até o conseguir”, escreveu no Instagram, já com o Campeonato da Europa a decorrer, deixando a ideia de que iria permanecer no Atl. Madrid. Agora, porém, tudo poderá ter mudado novamente: e sem espaço para meias palavras, argumentos embutidos ou fugas ao assunto.

Em entrevista ao jornal El Mundo, Morata reabriu a porta à possibilidade de deixar Espanha, seleção e país, e também o Atl. Madrid, sendo que tem contrato com os colchoneros até 2027. “Talvez deixe a seleção. É uma possibilidade de que não quero falar muito, mas é provável. Cada dia fico mais perto do momento de sair. Disse que tinha muita vontade de ganhar títulos com a minha equipa, mas é preciso colocar na balança o que compensa e o que não compensa”, começou por dizer, antes de detalhar a dificuldade de jogar em território espanhol.

“Não sou infeliz, mas a verdade é que é muito difícil para mim ser feliz em Espanha. Acaba sempre por surgir alguma coisa. Quando chego a casa estou sempre feliz, mas em público sinto-me como se estivesse despido e talvez isso não me tenha permitido dar tudo o que tinha. Muitas vezes é muito difícil estar em Espanha porque há sempre alguém que diz alguma coisa. Criticaram-me por estar a chorar por causa de um cartão amarelo, quando era por estar com a minha seleção, sendo eu capitão nas meias-finais. Cortaria uma mão para ganhar o Euro, mas estão sempre a criticar-me”, explicou o avançado, que chegou a título definitivo aos colchoneros em 2022, sendo que já tinha passado pelo clube entre 2018 e 2020 por empréstimo do Chelsea.

Mais à frente, na mesma entrevista, Morata disse “não ter dúvidas” sobre o facto de ser mais feliz a jogar no estrangeiro. “Já o disse muitas vezes. Acima de tudo, porque as pessoas respeitam-me. Em Espanha não há respeito por nada nem por ninguém. Se ganharmos vou abraçar a minha família e sair com a cabeça bem alta. Estou farto de que falem de mim como vítima, de que estou a queixar-me… Só quero que isto acabe da melhor maneira possível, porque também pode ser o meu último torneio com a seleção”, terminou.