A Microsoft e a Apple já não vão ter assentos no conselho de administração da OpenAI, avançam esta quarta-feira meios como o Financial Times, a Bloomberg e o site Axios. A decisão das empresas é tomada numa altura em que tanto os reguladores dos EUA como da União Europeia já levantaram preocupações à relação entre as grandes tecnológicas e as startups que trabalham no desenvolvimento de modelos de inteligência artificial (IA).

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A Microsoft, que já canalizou 13 mil milhões de dólares de investimento na criadora do ChatGPT, terá enviado uma carta à startup para comunicar a decisão de sair do conselho de administração com “efeito imediato”. A Microsoft tinha um assento no ‘board’ na qualidade de observadora — ou seja, sem direito a votar. Esta foi uma das decisões saídas do turbilhão de novembro, quando o conselho de administração afastou Sam Altman da gestão da empresa. Na altura, Satya Nadella, o CEO da Microsoft, admitiu que a empresa tinha sido apanhada de surpresa com a saída de Altman. O executivo regressou, ao fim de alguns dias, à liderança da OpenAI.

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O Axios cita mais alguns excertos da carta enviada pela Microsoft, que justifica que aceitou o cargo “num momento em que a OpenAI estava no processo de reconstrução do conselho de administração”. “Esta posição deu-nos informações sobre as atividades do ‘board’ sem comprometer a sua independência e agradecemos a oportunidade de ter estado enquanto observadora durante este período de mudança”. Mas agora, passados oito meses, a empresa considera que “já viu progressos significativos no recém-formado conselho” e diz estar “confiante na direção da companhia”. “Tendo em conta tudo isso, já não consideramos que o nosso cargo limitado de observador seja necessário”, cita o Axios. 

Já a Apple, que anunciou em junho uma parceria com a OpenAI para integrar a IA do ChatGPT no iPhone, também tinha planos para assumir um lugar no board. O plano caiu por terra, revela uma fonte ao Financial Times. A Apple não quis fazer comentários sobre o assunto.

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A OpenAI vai optar por fazer reuniões regulares com os parceiros de relevo como a Microsoft e a Apple, e investidores de peso, uma lista que inclui a Thrive Capital ou a Khosla Ventures. A ideia será já parte da “nova abordagem de informar e envolver parceiros estratégicos” nas decisões da empresa, diz um porta-voz da empresa. Esta decisão estará ligada à chegada de Sarah Friar, que foi recentemente contratada como a primeira diretora financeira da OpenAI.

Em declarações à Bloomberg, a OpenAI não tece comentários diretos à saída das duas empresas do conselho de administração, mas agradece “à Microsoft por ter dado voz à confiança no ‘board’ e à direção da empresa”.

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O conselho de administração da OpenAI é constituído por oito elementos: Bret Taylor, antigo co-CEO da Salesforce; Sam Altman, o CEO da OpenAI; Adam D’Angelo, da Quora; Larry Summers, antigo secretário do Tesouro dos EUA; Sue Desmond-Hellman, ex-diretora da Fundação Bill e Melinda Gates; o general reformado Paul M. Nakasone; a advogada Nicole Seligman e Fidji Simo, o CEO da empresa de entregas de supermercado Instacart.

Os reguladores levantaram preocupações à relação entre a Microsoft e a OpenAI, já que uma boa parte da estratégia de IA da dona do Windows está assente nos modelos desenvolvidos pela startup. Mas não é a única, já que o regulador norte-americano FTC também já sinalizou no início do ano a vontade de analisar os investimentos feitos por outras gigantes da tecnologia em empresas do setor, como o investimento da Amazon na Anthropic, a empresa responsável pelo desenvolvimento do chatbot Claude.

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