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A Ucrânia garante ter provas de que a Rússia é responsável pelo ataque de segunda-feira ao maior hospital pediátrico ucraniano, em Kiev, que fez dezenas de mortos (entre 38 e 41) e, pelo menos, 190 feridos. Já Moscovo assegura que o míssil que provocou a desgraça foi fornecido a Zelensky pela Noruega. Esta terça-feira, dia de luto nacional na Ucrânia e enquanto continuavam as operações de resgate, os dois países continuaram a troca de acusações.
Tudo começou logo na segunda-feira quando o ministério da Defesa russo recusou responsabilidades. Esta terça, as declarações chegaram do Kremlin. O porta-voz de Vladimir Putin, na sua conversa diária com os jornalistas, responsabilizou a defesa antimíssil ucraniana pela destruição causada no hospital Okhmatdyt, noticiou a agência Reuters. “Peço-vos que se guiem pelas declarações do Ministério da Defesa russo, que exclui absolutamente a possibilidade de ter havido ataques a alvos civis e que afirma que estamos a falar de um sistema antimíssil em queda”, respondeu Peskov perante a insistência dos jornalistas.
Ucrânia disse ter provas “inequívocas” de que foi um míssil russo que atingiu hospital pediátrico em Kiev
Se o Kremlin reagiu pela Rússia, do lado de Kiev foi o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) a garantir que descobriu novas provas que confirmam que a Rússia atacou o hospital pediátrico Okhmatdyt com um míssil de cruzeiro X-101.
Numa publicação na rede social X, o SBU diz que foram descobertos vários fragmentos do projétil e que estes correspondem ao míssil de cruzeiro x-101, um dos mais conhecidos do arsenal de guerra russo.
СБУ отримала нові докази, які підтверджують, що росія ударила по «Охматдиту» ракетою Х-101
➡️ https://t.co/9QLOVKnJ0Z pic.twitter.com/s3HNrbzV66
— СБ України (@ServiceSsu) July 9, 2024
A equipa de investigadores do SBU diz que as provas recolhidas são “inequívocas” e apontam para um ataque direto feito pelas forças russas contra a unidade hospitalar. “Isto é evidenciado não só pelos destroços do míssil encontrados no local do impacto, mas também pela análise dos dados da trajetória do voo, pela natureza dos danos causados, bem como por um grande número de materiais de vídeo e fotografia”, diz o SBU em comunicado.
Aquela agência de segurança ucraniana explica que a trajetória de voo do míssil é “totalmente coerente com as características do X-101”, uma vez que este míssil sobe e depois “desliza” antes de atacar o alvo, num ângulo aproximado de 60 graus. Por outro lado, sublinha o SBU, a natureza da destruição (com o edifício de dois andares do hospital a ficar completamente destruído e os edifícios circundantes fortemente danificados) é típica de uma ogiva X-101, que pode transportar um explosivo com 400 quilos.
Míssil que atingiu hospital pertencia à Noruega, acusou a Rússia
Do lado de Moscovo, a resposta chega com o envolvimento de um terceiro país. Primeiro, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros russos a dizer que que o míssil que atingiu o hospital pediátrico pertencia a um modelo ocidental NASAMS. Mais tarde, quando o embaixador russo nas Nações Unidas repetiu a informação, foi avançado que o projétil tinha sido entregue a Kiev pela Noruega.
“Estamos à espera de uma reação do governo norueguês, que aparentemente forneceu a Zelensky este sistema NASAMS. Será que autorizaram que fosse utilizado para atingir um hospital pediátrico e também para ser colocado em zonas residenciais, violando o direito humanitário internacional?”, acusou Vasily Nebenzya durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, numa comunicação citada pela agência estatal TASS.
O SBU garante que destruição não pode, de modo algum, ter sido causada pelo sistema NASAMS [de defesa anti-aérea], cujas ogivas são cerca de 20 vezes menos potentes.
ONU disse que é altamente provável que o hospital tenha sido diretamente atingido
A responsável pela missão dos direitos humanos da ONU na Ucrânia diz que “é altamente provável que o hospital pediátrico de Kiev tenha sido diretamente atingido mais do que ser danificado por um sistema de interceção de armas”.
Moscovo negou ter atacado o hospital, atribuindo a destruição a um míssil de defesa anti-aéreo ucraniano, mas Danielle Bell, ressalvando que é necessário uma investigação ao sucedido, baseou a sua afirmação na “análise das imagens de vídeo e a avaliação feita no local do incidente”.
“Na altura do ataque, encontravam-se no hospital 670 crianças doentes, principalmente internadas, juntamente com mais de mil profissionais de saúde”, afirmou em conferência de imprensa a chefe da Human Rights Monitoring Mission in Ukraine (HRMMU).
Zelensky anunciou pacote de apoio ao hospital pediátrico
O governo ucraniano aprovou um pacote de 100 milhões de hryvnias (mais de 2 milhões de euros) para a reconstrução do hospital pediátrico que ficou parcialmente destruído com o ataque. O anúncio foi feito por Zelensky, que prometeu mais 300 milhões (mais de 6 milhões de euros), a serem entregues num futuro próximo. Segundo a Reuters, grandes empresas ucranianas também começaram a anunciar donativos para reconstruir o hospital.
Enquanto se procura uma resposta concreta para o que aconteceu, a comunidade internacional continua a reagir e Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se a uma série vozes que repudiaram o ataque. Numa nota divulgada no site da Presidência da República, condenou os ataques, que considera serem “chocantes”. “O Presidente da República, em consonância com o Governo, condena com veemência os ataques russos a Kyiv e outras regiões da Ucrânia, que atingiram, entre outros alvos civis, o maior hospital pediátrico ucraniano, causando dezenas de vítimas mortais e inúmeros feridos”, sublinha o Chefe de Estado.