Depois de quase vinte anos, a província de Alberta, no Canadá, levantou a proibição da caça de ursos pardos “problemáticos”, apesar de esta ser uma espécie em risco de extinção desde 2010.
Após ter sido banida inicialmente em 2006, a caça destes ursos vai ser autorizada pelo Ministério das Florestas e Parques da província através da chamada “Autorização de Gestão de Ursos Pardos” que permitirá a caça dos animais que entrarem diretamente em contacto com seres humanos ou “áreas problemáticas”.
“Desde 2005, oito pessoas foram mortas em 62 ataques por ursos pardos, razão pela qual o governo de Alberta está a tomar medidas para proteger os seus cidadãos”, defendeu a secretária de imprensa do Ministério Provincial de Florestas e Parques, Pam Davidson, numa declaração citada pelo The Globe and Mail.
A medida, no entanto, está a ser duramente criticada por ambientalistas e defensores da causa animal.
“Eu não acredito que estou a escrever isto, mas a controversa caça de ursos pardos em Alberta está de volta”, escreveu o fotógrafo de vida selvagem John Marriott no Facebook. “A p**** de uma espécie ameaçada está prestes a ser caçada de novo”, acrescentou.
“Foi preciso muito tempo para que a caça ao urso-pardo fosse suspensa”, afirmou a especialista em conservação da Alberta Wildness Association, Devon Earl, ao The Globe and Mail. “Foram necessários muitos biólogos e muitos membros do público para contactar os decisores governamentais da altura, dizendo ser necessário proteger este animal como uma espécie ameaçada”, relatou.
Os ambientalistas destacam ainda uma “grande preocupação” com a medida, principalmente devido ao facto de ataques de urso pardos serem considerados raros e, na maioria das vezes, os ursos serem os maiores prejudicados de encontros com seres humanos.
Um estudo realizado pela Universidade de Alberta estimou que quase cem ursos pardos da região tiveram mortes acidentais por causas humanas, como atropelamentos, desde o início do século.
Ninguém foi consultado sobre essa medida, nem os biólogos, nem os grupos independentes de conservação”, relatou o líder da Grizzly Bear Foundation, Nicholas Scapillati, ao The Guardian, acusando o governo provincial de “usar o medo” para passar as suas propostas.
O ambientalista criticou ainda a maneira como a proposta foi aprovada em sigilo, o que considerou um desrespeito ao “esforço dos que trabalham na coexistência e na recuperação dos ursos pardos”.
“Esta decisão é um aviso, não apenas para os cidadãos de Alberta, mas para todos aqueles que, em qualquer lugar, consideram que uma espécie deve ser protegida: essas espécies não estão seguras”, alertou.
O regulamento de caça foi alterado, em 17 de junho, através de um despacho ministerial ao abrigo da Secção 53 da Lei provincial sobre a Vida Selvagem.
O caçador autorizado para o abate de um urso deve chegar ao local indicado de avistamento de animal nas 24 horas após emissão da licença e só poderá caçá-lo nas áreas permitidas para a atividade e se o animal não estiver acompanhado de um filhote.
A proibição inicial da caça desta espécie foi aprovada após, em 2002, apenas terem sido registados cerca de 850 ursos pardos, sendo que 200 destes em parques nacionais canadianos.
Enquanto que, na última contagem as autoridades do Canadá registaram entre 856 e 973 ursos pardos, sendo que cerca de 175 estavam em parques nacionais.