A cidade norte-americana de Las Vegas viveu na quarta-feira o quinto dia consecutivo de temperaturas escaldantes, com 46,1 graus Celsius (ºC) e mais, com massas de ar quente que devem afetar os EUA durante o fim de semana.

A temperatura atingiu aquele valor pouco depois as 13h00 no aeroporto internacional Harry Reid, o que superou o anterior recorde de quatro dias consecutivos, estabelecido em julho de 2005.

E este recorde pode ser aumentado, ou até duplicado no fim de semana.

Mesmo pelos padrões do deserto, o calor prolongado que se tem feito sentir na maior cidade do Estado do Nevada é inédito, com os meteorologistas a classificarem-no como “a onda de calor mais extrema” desde que o Serviço Nacional de Meteorologia começou a e estabelecer registos, em 1937.

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Para já, a cidade estabeleceu 16 máximos desde 1 de junho, bem antes do início oficial da época de verão, “e ainda nem chegámos a meio de julho”, realçou o meteorologista Morgan Stessman, na quarta-feira.

Isto inclui o máximo histórico de 48,4 ºC estabelecido na segunda-feira, que superou o anterior recorde, de 47.2 ºC.

Uma residente, Alyse Sobosan considerou este julho o mais quente dos 15 anos em que reside em Las Vegas. Adiantou ainda que procura não sair de casa durante o dia.

“Está um calor opressivo. É como se não pudesse viver a sua vida”, especificou.

Técnicos do setor da saúde também avisaram que está perigosamente quente. Só este ano já se registaram pelo menos nove mortes relacionadas com o calor no condado de Clark, na envolvência de Las Vegas, segundo o gabinete do médico legista. Mas os números devem ser superiores.

“Mesmo pessoas com uma idade média que são aparentemente saudáveis podem sofrer com o calor, quando este é tão forte que não deixa o corpo arrefecer”, disse Alexis Brignola, epidemiologista no distrito de saúde do sul do Nevada.

Para os sem abrigo e outras pessoas sem acesso a ambientes seguros, os dirigentes locais estabeleceram centros de arrefecimento de emergência em centros comunitários, ao longo do Nevada.

Mais de 142 milhões de pessoas nos EUA estiveram sob alertas de calor na quarta-feira, em particular nos Estados ocidentais, onde vários locais igualaram ou superaram valores máximos ao longo do fim de semana e espera-se que assim continue ao longo da semana.

Mas também há alertas para a parte oriental dos EUA, como a área de Filadélfia, o norte do Estado do Delaware e quase todo o de Nova Jérsia.

A vaga de calor nos EUA ocorre quando a temperatura média global (TMG) em junho estabeleceu em recorde pelo 13.º mês consecutivo, que, para mais, foi o 12.º em que o mundo teve uma TMG superior em 1,5 ºC à era pré-industrial, detalhou o serviço europeu do clima Copernicus.

Muito deste calor resulta das alterações climáticas, provocadas, por sua vez, pelos gases com efeito de estufa, causados pela queima dos combustíveis fósseis, apontam os cientistas.

Ondas de calor na América são 35 vezes mais prováveis devido às alterações climáticas