O FBI identificou Thomas Crooks, de 20 anos, como o atirador que atingiu Donald Trump durante um comício em Butler, nos EUA. Nesta fase preliminar da investigação, não são conhecidos quaisquer antecedentes criminais — nem há informações sobre atividades ou ligações suspeitas –, e também se desconhecem indícios que apontem para uma doença mental.

Uma das primeiras informações tornadas públicas é que Crooks estará registado como eleitor do Partido Republicano (nos EUA os eleitores podem registar-se como simpatizantes de determinado partido ou como independentes) e chegou a doar 15 dólares a um grupo ligado ao Partido Democrata, o Progressive Turnout Project. Para já não são conhecidas as motivações para o ataque e o Presidente norte-americano, Joe Biden, foi taxativo este domingo a pedir aos norte-americanos que não façam suposições precipitadas sobre o que aconteceu, nem sobre as filiações do suspeito: “Deixem o FBI fazer o seu trabalho.”

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Thomas Crooks formou-se em 2022 na Bethel Park High School, segundo a imprensa local. Recebeu um prémio de mérito no valor de 500 dólares da National Math and Science Initiative, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo melhorar o desempenho dos alunos nas disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Bullying na escola: Crooks tinha “um alvo nas costas”

À imprensa norte-americana um jovem que andou na mesma escola de Thomas Crooks revelou que este tinha dificuldades a integrar-se e chegou a ser alvo de bullying na escola. Tinha “um alvo nas costas”, disse Jason Kohler, ex-aluno de Bethel Park High School. O jovem explicou que não era da mesma turma que Crooks, mas que costumava vê-lo pelos corredores “sem expressão facial”. “Ouvi dizer que era um tipo inteligente”, disse Kohler, descrevendo o atentado de domingo como “inacreditável”.

Depois do percurso na Bethel Park High School Thomas Crooks ingressou na Universidade Comunitária de Allegheny. Licenciou-se há cerca de dois meses em ciências de engenharia, segundo revelou a própria instituição num comunicado divulgado este domingo, em que se dizia “chocada e entristecida pelos atos horríveis”.

Para já não foi encontrada qualquer mensagem deixada pelo suspeito, havendo a indicação de que Crooks nunca tinha sido investigado, nunca recaíram sobre si quaisquer suspeitas, nem seriam conhecidas atividades que pudessem levantar dúvidas: era um jovem que gostava de jogar xadrez, de jogos de computador e estava a aprender programação, escreve o New York Times.

O FBI estará a aguardar uma autorização judicial para poder fazer uma análise ao telemóvel do suspeito, de forma a perceber melhor qual o plano delineado e as motivações do ataque. Ao mesmo jornal, fontes conhecedoras da investigação explicam que foram mobilizados dezenas de agentes e peritos do FBI para realizar todas as perícias necessárias.

Não são conhecidas ligações a organizações terroristas

Uma fonte conhecedora da investigação fez também saber ao mesmo jornal que se desconhece qualquer indício de que o atirador tivesse ligações a organizações terroristas nacionais ou estrangeiras ou mesmo que tivesse agido de forma a beneficiar alguma potência estrangeira.

O Pentágono assegurou, entretanto, que Crooks não tinha quaisquer ligações militares. “Confirmámos junto de cada um dos ramos militares que não há registo no serviço militar do suspeito, nem com esse nome ou data de nascimento, em qualquer ramo, componente ativo ou de reserva em todos os respetivos bancos de dados”, afirmou o porta-voz do Pentágono, o major-general Patrick S. Ryder.

No comício na Pensilvânia, Crooks chamou a atenção de alguns membros da segurança do evento antes da tentativa de assassinato. Agentes da polícia consideraram o comportamento do jovem “suspeito” quando o viram perto do posto de detetor de metais, segundo revelou à CNN uma fonte policial.

A mesma fonte adiantou, sob condição de anonimato, que essa informação foi passada aos superiores, com o aviso para estarem atentos ao jovem. Tudo isso foi transmitido também aos serviços secretos. Mais tarde várias pessoas que participavam no comício alertaram as autoridades que tinham visto o atirador subir para um telhado não muito longe do palco onde Donald Trump discursava.