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Se não tivesse sofrido um ataque, o discurso “incrível” de quinta-feira na convenção republicana teria como alvo as políticas de Joe Biden. Mas tudo mudou, garante Donald Trump, numa entrevista conjunta ao Washington Examiner e ao New York Post, com mais de 30 minutos de duração. “Esta é uma oportunidade para unir todo o país, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias”, disse o ex-Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).

Donald Trump invoca Deus, que o salvou, e diz que este é um momento histórico para unir o país: “Foi-me dada essa oportunidade”. Porém, segundo salienta o New York Post, acrescentou que não sabe “se é possível” fazê-lo. “As pessoas estão muito divididas“.

Questionado sobre se o atentado mudará a sua campanha, Trump respondeu perentoriamente: “Sim”. O discurso que iria fazer na convenção, esta quinta-feira, já estava preparado e era “brutal, muito bom, muito forte”. Mas na noite após a tentativa de assassinato “deitei-o fora”. “Acho que seria muito mau se me levantasse e começasse a dizer quão horrível é toda a gente, quão corrupta e desonesta, mesmo que seja verdade. Se isto não tivesse acontecido, teríamos um discurso muito bem preparado e extremamente duro. Agora temos um discurso que é mais unificador”, declarou.

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O novo discurso já começou a ser pensado, nas horas após o atentado e, segundo o Washington Examiner, a ideia será “reenquadrar” os conflitos em que Trump se envolveu. “Há muito tempo que luto contra um grupo de pessoas que considero muito más e elas têm lutado contra mim, e nós lutámos muito bem”, afirmou, acrescentando que “tínhamos um discurso muito duro e eu deitei-o fora ontem à noite, disse que não posso dizer estas coisas depois daquilo por que passei”.

Trump reconhece que há uma divisão na sociedade. “Algumas pessoas querem fronteiras abertas e algumas pessoas não querem. A questão é se podem esses dois lados juntar-se. Podem os lados em que as pessoas querem ver homens jogar em desportos femininos e os que não compreendem até o conceito de permitir que isso aconteça [juntar-se]?”, questiona. Diz ainda que considera que a tentativa de assassinato “tem um impacto” mas que talvez esse impacto se desvaneça “se o outro lado [Democrata] se tornar maldoso”.

O republicano diz que o que o livrou da morte foi o facto de ter virado, e no ângulo certo, a cabeça da multidão para olhar para o ecrã do teleponto onde tinha algumas estatísticas que estava a usar no discurso sobre imigração ilegal. “Raramente desvio o olhar da multidão. Se não o tivesse feito naquele momento, bem, não estaríamos a falar hoje, pois não?”

Os tiros regressaram à política americana. Que efeito vai ter na campanha?

“Eu não deveria estar aqui, era suposto eu estar morto”, repetiu, após a “experiência muito surreal” que viveu no comício na Pensilvânia. “O médico no hospital disse que nunca viu nada assim, chamou-lhe um milagre”, acrescentou, com uma ligadura branca a cobrir a orelha direita. A equipa do republicano pediu aos jornais que não fossem tiradas fotografias da entrevista.

Ao falar com os dois jornais a bordo do avião que partiu de Bedminster, Nova Jersey, com destino a Milwaukee, onde a Convenção Nacional Republicana começa esta segunda-feira e decorre até quinta-feira, Trump contou ainda como pessoas de todo o país, de diferentes origens e pontos de vista políticos, lhe telefonaram.

O candidato republicano relata que depois de ter sido atingido, queria continuar a discursar no palco, mas foi-lhe dito pelos agentes dos serviços secretos que não era seguro e que teria de ir ao hospital. O magnata — que mostrou aos jornalistas uma “grande” nódoa negra no antebraço direito — elogiou a resposta rápida dos agentes e contou que o atingiram “com tanta força que os meus sapatos saíram — e os meus sapatos estão apertados”. O magnata queria ter saído pelo próprio pé e não ser levado ao colo, como aconteceu. “Não queria ser levado. Já vi pessoas a serem levadas e não é bom. Eu não tinha problema em andar”.

Trump disse também que os serviços secretos atingiram o atirador “mesmo entre os olhos”. “Fizeram um trabalho fantástico”, acrescentou.

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Sobre as fotografias em que aparece com o punho em riste, afirmou: “Muitas pessoas dizem que é a fotografia mais icónica que já viram. Têm razão e eu não morri. Geralmente tem de se morrer para se ter uma fotografia icónica”.

Questionado sobre se pensou ir ao funeral de Corey Comperatore, a vítima mortal, Trump virou-se para a equipa e pediu: “Arranjem os números. Quero ir ao hospital e falar com todas as famílias”.

Segundo o New York Post, o republicano indicou ainda que “ouviu dizer” que Joe Biden iria ordenar ao Departamento de Justiça que abandone os dois processos na justiça contra o próprio Trump — até ao momento, nada foi publicamente indicado nesse sentido.