Estes músicos fazem da “lusofonia a rainha da noite”, garante a organização do festival, viajando da “bossa ao fado, da chula ao samba e ao baião”, recordando “clássicos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Donato, Chico Buarque, Nelson Cavaquinho, Tom Jobim & Vinícius de Moraes”, mas fazendo apelo também a originais de Fred Martins, do seu disco “Ultramarino”, e ao álbum “Na volta da maré”, de Joana Amendoeira, como indica a programação.
A atuação do ‘rapper’ Marcelo D2, que inicia aqui a digressão europeia do álbum “Iboru”, é outro destaque desta sexta-feira. Com o novo disco, o músico tem a ambição de fazer uma “revolução no rap, no rock e no samba” e de cumprir a “vontade política de mudança e combate ao bolsonarismo”.
“Iboru – Que sejam ouvidas nossas súplicas” é também um filme, feito em parceria com Luiza Machado, e uma exposição, a coletiva “Ocupação Iboru”, que ficará patente no Museu Amadeo de Souza-Cardoso até dia 28, numa expressão do movimento que o artista batizou de “Novo Samba Tradicional”.
Dino D’Santiago e Femi Kuti, A Cor do Som e Carminho, Kebra Ethiopia e Fatoumata Diawara são alguns dos outros nomes do cartaz desta edição do Mimo, que regressa ao lugar de origem em Portugal, cinco anos depois da última presença na cidade à beira-Tâmega.
Ao total de 22 concertos de acesso gratuito, este ano o festival junta seis DJ Sets, sete ‘workshops’ e três palestras no Fórum de Ideias, além de outras atividades paralelas de arte e performance, como exposições, programação infantil, “roteiros sustentáveis” e uma “feira criativa”. “O encontro de músicos consagrados com jovens profissionais e estudantes de música” é outra componente que o Mimo retoma, segundo o seu texto de apresentação.
Até domingo, os palcos do Mimo vão contar ainda com Arnaldo Antunes & Vitor Araújo, Leyla McCalla, Ilê Aiyê, General Levy e Newen Afrobeat com Dele Sosimi.
A programação marca a estreia portuguesa de artistas da cena urbana brasileira atual como Rita Benneditto, Simone Mazzer, Vitrolab e Quinteto Nova Orquestra, a quem se juntam outros já conhecidos do público português como Puta da Silva, Flávia Bittencourt, Andrea Ernest Dias Quarteto e os DJs Tahira, Farofa e Marise Cardoso.
Da periferia de Joanesburgo, na África do Sul, chega a Amarante o coletivo Kebra Ethiopia Sound System; do Mali, a banda de Bassekou Kouyate, mestre do Ngoni, instrumento da família de harpas tradicionais.
Na área da música erudita, destaca-se a estreia portuguesa do pianista norte-americano Daniel Gortler, que interpretará obras de Robert Schumann, Edvard Grieg e Mozart, com a Orquestra Sinfónica do Norte.
Dino D’Santiago e o nigeriano Femi Kuti, com The Positive Force, atuam no último dia do festival, numa jornada que vai contar também com Marcelo D2 e Fatoumata Diawara. Estes dois músicos repetem a presença em palco depois dos concertos de hoje e de sábado, respetivamente.
O Fórum de Ideias recebe este ano o produtor musical e engenheiro de som Mario Caldato Jr., que trabalhou com músicos e bandas como Beastie Boys, Beck, Jack Johnson, Manu Chao, Marisa Monte, Seu Jorge, Mallu Magalhães e o projeto Tejo Beat (1998), que reuniu nomes portugueses como Cool Hipnoise, Da Weasel, Boss AC, Ornatos Violeta, Blasted Mechanism e Blind Zero.
O palco principal do festival vai estar no Parque Ribeirinho, junto ao Rio Tâmega, mas o Mimo estende-se também ao recém-inaugurado Cine-Teatro de Amarante, ao Museu Amadeo de Souza-Cardoso, à Igreja de São Gonçalo, ao Centro Cultural e aos parques e ruas da cidade.
Os horários, locais e programação podem ser consultados no ‘site’ do festival (mimofestival.com).
O Mimo nasceu em Olinda, no Brasil, e soma 60 edições.