Foi um autêntico recital. Na etapa que poderá ter feito um verdadeiro xeque-mate na 111.ª edição da Volta a França, Tadej Pogačar acelerou na reta final da chegada a Isola 2000, ganhou pela quarta vez e ficou com mais de cinco minutos de vantagem em relação a Jonas Vingegaard. Este sábado, na véspera do derradeiro contrarrelógio a terminar em Nice, o ciclista da UAE Emirates já entrava praticamente como vencedor confirmado.

A impressionante exibição de sexta-feira, onde não deu qualquer hipótese aos adversários diretos, voltou a atribuir-lhe a alcunha de “canibal” — a mesma que era dada ao recordista Eddy Merckx. Tadej Pogačar, porém, preferiu brincar com as palavras. E não escondeu que as alcunhas de outros tempos não o agradam nos dias de hoje.

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“Um canibal? Um canibal come carne humana. Eu como doces depois da meta e barras energéticas enquanto estou na bicicleta. Claro que percebo o que querem dizer. Mas acho melhor não falarmos de canibalismo, não é muito simpático”, começou por dizer o ciclista esloveno, que se mostrou bastante satisfeito com a própria prestação.

“Foi a minha quarta vitória em etapas. Já deu para balançar as coisas com o ano passado, onde só consegui duas. Treinei muito aqui depois do Giro e até já tinha conversado com os meus colegas sobre o quanto queria correr aqui e atacar. Correu bem, foi 100% perfeito. Tem corrido tudo muito bem desde a Lombardia, no ano passado, e esse é o grande fator que faz a diferença. Este ano estou de volta ao meu ‘velho eu’ e continuo a melhorar”, acrescentou.

A 20.ª  e penúltima etapa do Tour arrancava este sábado em Nice e percorria 132,8 quilómetros até ao Col de la Couillole, em plenos Alpes, com quatro subidas de categoria e uma nova chegada em altitude. Para além de ser a última etapa corrida antes do derradeiro contrarrelógio de domingo, a tirada era crucial para as ambições de João Almeida, que continuava em quarto na classificação geral com 27 segundos de vantagem a relação a Mikel Landa e podia tornar-se no segundo melhor português de sempre no Tour, apenas atrás dos dois pódios de Joaquim Agostinho nos anos 70.

Assim, este sábado, Tadej Pogačar voltou a ser superior e venceu a quinta etapa da conta pessoal na Volta a França, mantendo os mais de cinco minutos de vantagem para Jonas Vingergaard na antecâmara da derradeira etapa deste domingo. Já João Almeida, que cruzou a meta em sexto, voltou a manter o quarto lugar da classificação geral e arrisca fazer história na última tirada do Tour.