Se não tem capacidade para se candidatar à Presidência, também não tem para continuar Presidente. Esta é a linha de argumentação de muitos dos republicanos que pediram que o ainda Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, não espere pelas eleições para sair.
Uma das vozes foi a do ex-Presidente e candidato republicano, Donald Trump. “Todas as pessoas à sua volta, incluindo o seu médico e os media, sabiam que não estava capaz de ser Presidente e não estava”, escreveu na sua conta da rede social Truth Social, salientando que não estava preparado para a candidatura, não está para a Presidência e acrescenta: “Nunca esteve”.
Não foi o único a expressar a mesma ideia. O porta-voz da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, também o fez: “Se Biden não serve para candidato a Presidente, não serve para Presidente. Tem de demitir-se imediatamente”, declarou na rede X.
At this unprecedented juncture in American history, we must be clear about what just happened. The Democrat Party forced the Democrat nominee off the ballot, just over 100 days before the election.
Having invalidated the votes of more than 14 million Americans who selected Joe…— Speaker Mike Johnson (@SpeakerJohnson) July 21, 2024
O congressista Kevin Hern recorreu à rede social X para apelar a que Joe Biden se demita, após a retirada da corrida à Casa Branca. E o mesmo fez Steve Daines: “É por preocupação com a segurança nacional do nosso país que apelo formalmente ao Presidente Biden para que renuncie ao cargo.”
“Se Joe Biden não se sente capaz de concorrer à reeleição, não está mais capaz de servir como Presidente”, escreve o governador Daines nas redes sociais. E depois justifica: “Ser Presidente é a tarefa mais difícil do mundo e já não tenho confiança de que Joe Biden possa cumprir eficazmente as suas funções como comandante-chefe [Commander-in-Chief].”
J.D. Vance, candidato a vice-presidente pelos republicanos, já tinha dado o mote, mesmo antes de Biden ter anunciado a sua desistência. Poucas horas antes tinha questionado: “Se Joe Biden terminar a campanha da reeleição, como justifica continuar a Presidente? Não concorrer à reeleição seria a admissão clara que o Presidente Trump estava certo de que Biden não estava em condições mentalmente de ser chefe das forças armadas”. Já depois do anúncio de Biden, Vance colocou-o como o pior Presidente da sua vida.
Joe Biden has been the worst President in my lifetime and Kamala Harris has been right there with him every step of the way. Over the last four years she co-signed Biden's open border and green scam policies that drove up the cost of housing and groceries. She owns all of these…
— JD Vance (@JDVance1) July 21, 2024
O mesmo fez o antigo presidente Donald Trump na sua rede social Thruth Social: “Joe Biden foi, de longe, o pior Presidente na história da nossa nação. Fez todos os possíveis para destruir o nosso país… Foi aniquilado num debate que abalou a Terra, e agora os Democratas Corruptos e Radicais estão a atirá-lo borda fora. Ele não estava apto para servir desde o início, mas as pessoas que o rodeavam mentiram à América sobre a sua completa e total morte mental, física e cognitiva.”
E, retoricamente, ainda lançou uma questão sobre o alegado estado de doença de Biden. “Alguém acredita realmente que Joe Biden tem Covid? Não, ele queria desistir desde dia 27 de junho, a noite do debate, no qual foi completamente obliterado”, escreveu.
Depois de várias publicações, o antigo Presidente fez uma pausa das considerações acerca de Joe Biden. Mas retomou-as pouco depois, insistindo na ideia que o atual governante “não se lembra de ter desistido da corrida ontem”. Trump insinua ainda, na rede social que fundou, que Biden está “a organizar a sua agenda da campanha” e a “marcar reuniões” com o Chefe de Estado da China, Xi Jinping, e o da Rússia, Vladimir Putin, sobre o “possível início da Terceira Guerra Mundial”.
Noutra publicação, Donald Trump volta a atacar o Partido Democrata, acusando-o de “roubar a candidatura a Biden”, que “venceu as primárias”. “Estas pessoas são uma real ameaça à democracia”, avisou.
Todos contra Kamala
Os republicanos, ao mesmo tempo que pedem a demissão de Biden (antes das eleições de 5 de novembro — sendo que a posse do novo Presidente acontece apenas em janeiro), já lançaram a campanha contra Kamala Harris. Aliás, numa primeira reação ao anúncio da oficialização da candidatura à nomeação de Kamala Harris, Donald Trump declarou que será mais fácil batê-la.
Na sua rede social, Trump continuou o ataque e questionou se o partido republicano não devia ser ressarcido por ter de começar tudo de início. “Só estou a perguntar”, escreveu na sua rede social. Para Trump devia ser indemnizado pela fraude que diz ter sido alvo de todos, no Partido Democrata, terem mentido quanto à capacidade de Biden de ser candidato.
E vai já sugerindo novo debate com candidatos, mas não na ABC. O debate com o candidato democrata — “quem quer que os radicais de esquerda democratas escolham” — devia voltar a acontecer. Mas sugere que seja na Fox News, em vez da ABC que chama de “Fake News ABC”.
Ainda na linha de ataque, há outro argumento do lado dos republicanos. Sean Cooksey, o republicano que está na comissão eleitoral (Federal Election Comission), sugere, na rede X, que Kamala Harris não poderá “herdar” as doações financeiras que foram entregues à candidatura de Biden. Sugerindo que deviam ser devolvidas a quem as deu.
11 C.F.R. § 110.1(b)(3):
"If the candidate is not a candidate in the general election, all contributions made for the general election shall be either returned or refunded to the contributors or redesignated …, or reattributed …, as appropriate."
— Sean Cooksey (@SeanJCooksey) July 21, 2024