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JD Vance realizou o seu primeiro comício a solo na qualidade de candidato a vice-Presidente. O republicano deslocou-se esta segunda-feira à sua terra natal de Middletown, Ohio para um discurso em que lembrou a família, a comunidade e criticou as medidas “loucas de Biden e Kamala”.

“Nunca me vou esquecer de onde vim”, declarou Vance logo à partida, entre “olás” e “adoro-vos” de uma audiência que disse serem principalmente membros da sua família. A declaração de amor a Middletown continuou, com uma lembrança do professor de matemática, que tirava falsas bombas de cacifos com as próprias mãos, e da avó, sempre disposta a ajudar toda a gente.

A declaração aos membros da comunidade serviu como ponto de ligação a promessas eleitorais. JD Vance identificou nestas pessoas “os verdadeiros americanos” pelos quais quer lutar. “Existem oportunidades em Middletown e temos de as manter para a próxima geração”, declarou.

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Quem é realmente J.D. Vance, o vice que já foi muito crítico de Trump? E o que representa a sua escolha?

Entre as medidas destacou a luta pelos trabalhadores, desde que estes “trabalhem no duro e sigam as regras” — “quem segue as regras, tem uma boa vida, é tão simples quanto isto”, resumiu — e pelos pais solteiros. A estes, quer dar-lhes a escolha de escolherem a educação dos seus filhos, apostando “na educação e não na doutrinação”.

Sobre a economia, os republicanos querem apostar nos setores nacionais, principalmente no setor da energia. Vance acusou Biden e Harris de comprarem recursos a “ditadores estrangeiros”, quando os Estados Unidos têm a possibilidade de ser auto-suficientes. Defende principalmente o nacionalismo em relação à China e no setor das farmacêuticas. Mobilizando uma retórica anti-vacina e responsabilizando a China pelo pânico da Covid-19, questionou a sua audiência: “Eu não confiava um boneco vindo da China ao meu filho e querem que o encha de medicamentos chineses?”

O vice de Trump resumiu estas medidas em dois gritos de guerra: “close the borders” e “drill, baby, drill” (“fechem as fronteiras” e “perfurem, malta, perfurem”, numa tradução livre) numa referência às suas políticas migratórias e de exploração de recursos naturais.

Para Vance, dizer que deseja indústrias e produtos nacionais e que não quer doutrinação nas escolas não é racista. “Ao contrário do que dizem os democratas, isto não é racismo. Para os democratas tudo é racista. Eu estava a beber Mountain Dew [um popular refrigerante nos EUA] e até isso deve ser racista para eles”, acusou, garantindo que várias pessoas negras se têm dirigido a ele para mostrar o seu apoio por estas medidas republicanas e criticar as políticas de Joe Biden.

As críticas à governação de Biden não fugiram ao guião habitual de Donald Trump, com referências à sua capacidade mental, em formato de piada a tentar fazer rir a sua audiência. Vance declarou que nos quatro anos de governação Biden-Harris, estes tinham sido “loucos” e questionou quem “está mesmo a tomar as decisões na administração Biden”.

De Biden ao partido democrático, as acusações continuaram. Segundo Vance, o partido democrata livrou-se de Biden quando este se tornou um “peso morto político”. Acusou “Kamala Harris, os colegas senadores e os media” de “mentirem” sobre a capacidade mental do Presidente para liderar e o partido de se ter livrado do candidato quando este deixou de ter utilidade política.

JD Vance considerou que este processo foi “anti-democrático” e uma forma de “enganar os eleitores” e garantiu que os republicanos nunca fariam nada assim. Abriu, então, as portas do partido aos “democratas que ficaram desiludidos com este processo”.

Por oposição a Biden, elogiou o caráter de Donald Trump. Começou por relatar um telefonema com o ex-Presidente, antes de este lhe ter pedido para assumir o cargo de vice, em que Trump ouviu os filhos de Vance a brincar e pediu para falar com o seu filho mais velho, de sete anos. Para o natural do Ohio, esta atitude mostrou um lado de Trump “que os media não querem que vocês vejam”.

Para JD Vance, foi esta aproximação que o levou a reconsiderar as suas críticas ao então Presidente em 2016. Acabou como começou: com um elogio às famílias. “Ele preocupa-se com as famílias como se preocupa com a minha família”, garantiu Vance, perante os aplausos eufóricos da comunidade que o viu crescer.